segunda-feira, 6 de abril de 2015

«A morte é nossa»?

Li com sincero interesse a entrevista a Alexandra Lucas Coelho (Ípsilon de 3 de Abril). Porém, a certa altura, a escritora e jornalista afirma que quando achar que não é possível vencer o "duelo constante contra tudo aquilo que me tenta fragilizar exteriormente [Estado, polícia, autoridades, etc.], dou um tiro na cabeça. E eu quero ter o direito de dar um tiro na cabeça. A morte é nossa. A vida é minha e a morte é minha." Ao mesmo tempo, disse: " é preciso construir um colectivo, uma comunidade, porque vivemos todos juntos. (...) a dádiva que temos de ter em relação aos outros. (...) Eu não sou uma eremita."
Pergunto-me se esta entrevista a Alexandra Lucas Coelho aconteceu antes ou depois da tragédia nos Alpes... Faria (ou fez) diferença nestas declarações da jornalista ao PÚBLICO?
A 24 de Março, o copiloto Andreas Lubitz decidiu suicidar-se. Também ele pensava ter "direito de dar um tiro na cabeça" ?
A morte é um direito? E as 149 pessoas que morreram, porque Lubitz exerceu esse «direito»? 
A nossa vida tem muito mais importância do que possamos imaginar. Talvez a vida de um indivíduo não lhe mereça respeito ou mereça valor... Mas... e os outros que dependem da nossa vida para continuarem a sua? Quando se exerce esse «direito à morte» há um cem (sem) número de pessoas que vão sentir a nossa falta.
No caso do piloto, foi mais de uma centena de vidas que se perderam...
Talvez possamos dizer " a vida é minha", mas "a morte é minha", não!

2 comentários:

  1. A jornalista Alexandra Lucas Coelho, que não é para mim uma desilusão como profissional, porque nunca tive grande esperança na sua intervenção, é uma criação de conveniência que só foi possível dado o vazio de valores instalados. Há quem lhe dedique alguma atenção, mas eu deixei há muito de lhe prestar atenção, tanto ao que escreve como ao que selecciona. Não é de ligar muito ao que escreve, mesmo que tenha a pretensão de dizer algo de transcendente.

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  2. Não necessito de ler seja o que for da dita jornalista para vislumbrar algo de duvidoso que em si coabita. A morte não é dela, mas de todos nós que nascemos com ela. Portanto, é uma heresia dizer o que escreveu.

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