A sociedade portuguesa, numa
trajectória de opressão, está a transformar o ser humano num irrecusável
pagador de impostos. A perseguição é tal, que até as campas dos cemitérios, que
durante séculos estiveram isentas de contribuição, já pagam impostos. Mesmo
depois de morto a burocracia e a gula tributária não descansam de perseguir o
cidadão. As famílias, para se defenderem, passaram a homenagear os seus
queridos defuntos utilizando o crematório. A loucura e o descaramento são de
tal monta que, nalguns casos, se pagam impostos sobre taxas e outros impostos
que formatam o preço do objecto. Mudam-se os nomes, para parecer que alguns
impostos desapareceram, só que esses encargos tributários se mantêm, agora com
novas nomenclaturas. Alguns exemplos, ao acaso; a Contribuição Predial, foi
crismada de IMI, o Imposto Sucessório, de Imposto de Selo, o Imposto de
Transacção, que veio a abranger uma enormidade de produtos, passou a IVA, o
selo do carro passou a Imposto Único de Circulação. Na alteração de nomes das
repartições públicas, a Direcção-Geral dos Impostos passou a designar-se de
Autoridade Tributária e Aduaneira, que parecendo um facto de somenos, não o é,
porque agora, sendo autoridade, tem um poder maior e, legalmente, pode sufocar o
cidadão, porque tem as rédeas do autoritarismo.
Como se já não bastasse a
desumana perseguição do Governo Central, as autarquias, sucedâneos políticos
dos partidos do poder, criam as diversas taxas locais de serviços, que vão
desde o pagamento do estacionamento automóvel às taxas sobre resíduos sólidos e
líquidos, cobrados nos recibos da água, onde está também implantado o
omnipresente IVA.
A Câmara de Lisboa, num acesso de
demência, procura criar mais duas taxas para sobrecarregar os visitantes, ou
seja, uma taxa para turistas que desembarquem no aeroporto e outra taxa para
quem durma em hotéis ou pensões. Porque está atenta, e não quer ser indiferente
à exploração do ser humano, a Câmara do Porto, mesmo sem as agarras
político-partidárias que se diz, também acha que deve sobrecarregar o cidadão
com uma taxa nessa área. Parece que Faro também está a postos.
Isto é mais que lamentável,
porque denota uma falta de respeito pelos cidadãos, que de tão oprimidos, de
cidadãos só têm esse malfadado e quase vergonhoso cartão.
Entretanto, o desemprego continua,
e nós, que temos em atenção os dados estatísticas mas também temos os olhos na
rua, verificamos o pequeno comércio em coma, as empresas a falir ou em
processos de recuperação, os despedimentos em massa (AXA é mais um exemplo), os
bancos com milhares de milhões de prejuízo, e o Governo, como se nada disto
estivesse a acontecer, apresenta, pomposamente, hipotéticos programas de
desenvolvimento num espaço de 5 anos, como se a fome de hoje pudesse ser
satisfeita a longo prazo. Para nos entreter, a comunicação social tem o festim
das eleições presidenciais e esquece o essencial.
14.04.2015
Joaquim Carreira Tapadinhas - Montijo
muito bem!!
ResponderEliminarMeu Caro Amigo Tapadinhas, que destapou a preceito os roubos e assaltos que todo o poder instituído nos faz todos os dias e até de noite, faltando montarem parquímetros nos nossos quartos de dormir, tem toda a razão em mencionar a ladroagem que inumera, pois tudo paga imposto, imposto por um regime dito democrático, mas que de democrático tem pouco ou nada. Mas o povo, o sabedor do antanho, perdeu há muito a força e o viço, parecendo incapaz e ate amorfo em reverter tanta demoníaca formatação.
ResponderEliminarObrigado a ambos, por lerem e comentarem o meu escrito. Isto é mais um grito de alma, que mesmo que não tenha eco nos responsáveis, terá algum efeito junto das pessoas conscientes deste desgraçado momento que vivemos.
ResponderEliminarFoi publicado hoje, no jornal Expresso, como a carta da semana.
ResponderEliminarPARABÉNS!!!!
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