Estamos no mês da liberdade; o mês em que Portugal viu nascer uma Aurora boreal que supostamente nos iria auxiliar e iluminar no caminho da tão desejada liberdade. Mais desejada ainda
do que o eterno salvador da pátria, D. Sebastião.
Quando se deu a revolução dos cravos, todos pensaram que íamos entrar num admirável mundo novo onde a paz reinasse e as amarras que até então prendiam o povo através de uma ditadura que deixou marcas e da qual ainda permanecem resquícios, (a liberdade) estaria totalmente conquistada. Puro engano. E não : não estou a ser negativista, até porque me considero uma pessoa totalmente positiva. Mas o que estes últimos anos nos têm mostrado, é que , apesar de vivermos em constante liberdade e numa harmonia que julgamos plena, a verdade é que o medo ainda impera, quanto mais não seja, nas relações laborais.
A crise financeira e o capitalismo bacoco e selvagem, veio condicionar o nosso modo de atuação perante a sociedade e perante o nosso semelhante . As amarras, essas, são piores porque não se mostram: são invisibilidades duras e puras , que deixam marcas interiores. Estas são as piores, pois não permitem que por vezes, o mais comum dos mortais se reerga e faça frente ás dificuldades.
Abril, - o 25 de 1974, claro está - trouxe uma nova esperança e com esse sentimento, uma nova perspetiva na forma de encarar o futuro. Os cravos pululavam nas mãos de todos como símbolos da emancipação de uma sociedade muito característica e que pugnava por dias e anos melhores e mais prósperos. Não há dúvidas que Portugal apresentou níveis de evolução muito altos desde então mas também não deixa de ser uma verdade de la palisse, que as dificuldades e o medo ainda persistem.
Não há liberdade sem autonomia e esta dita autonomia está constantemente a ser posta em causa.
Os cravos de abril, trazem agora os seus espinhos e nesses espinhos , estão representados todos os males deste sistema que nos condenou a uma servidão e mansidão quase tão má como a que vivemos nos tempos da "Velha Senhora".
A democracia tem de ser conquistada todos os dias e não através de um dia que marcou a nossa história. Temos de fazer valer os pergaminhos de quem por nós deu a vida e a alma para que nos dias de hoje possamos gozar de uma liberdade, ainda que por vezes, condicionada; essa liberdade merece a nossa dedicação, o nosso empenho e o nosso máximo respeito : o respeito pela memória dos heróis de abril.
Abril é para muitos o mês da liberdade; esta maravilhosa palavra que muitos têm a coragem de dizer mas poucos têm a ousadia de usufruir.
A liberdade, tem de voltar a possuir o condão de nos unir enquanto povo e dessa união , vai resultar o afastamento dos espinhos, que se interpuseram nas nossas vidas, causando estragos que não são de todo irreparáveis. Este ano, comemoramos os quarenta e um anos da revolução dos cravos e a nossa jovem democracia merece como prenda , que estejamos todos unidos na defesa das nossas causas e das causas do nosso Portugal.
Abril tem de voltar a ser o mês dos cravos: os espinhos, esses, têm de ser erradicados, se queremos regressar aos tempos de autonomia completa. Essa não asfixia democráticamente e faz muito bem ao corpo , á alma e ao espirito.
Viva o 25 de abril!
"Cravos e Espinhos" é uma alegoria à desilusão do que sinto.
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