domingo, 26 de abril de 2015

Sinais de uma época?


Ao longo do tempo as pessoas que mais se destacaram foram alvo de várias homenagens públicas.
Os mais agraciados são indiscutivelmente os chefes de estado e de governo.
Com muito menos visibilidade, houve quem tomasse a iniciativa de homenagear de alguma forma quem mais admirava.
Seguidamente dois casos paradigmáticos:
Há algum tempo terminei a recuperação de um caderno de receitas de culinária portuguesa, escrito e datado de 1937, por uma apaixonada da culinária nacional, apesar de deteriorado, consegui recuperar mais de duzentas receitas.
Uma das páginas reteve a minha especial atenção.
Diz o seguinte:
Em honra de sua excelência o senhor presidente doutor António Oliveira Salazar.
                                                       Bolo Salazar.
Ingredientes:
250g. de farinha.
250g. de açúcar.
1 chávena de leite (chá).
1 colher de fermento (chá).
1 colher de manteiga ou margarina (sopa).
1 ovo.
Preparação:
Bate-se o ovo com o açúcar, o leite, a manteiga ou margarina e o fermento, depois de alguns minutos adiciona-se a farinha e mexe-se com vigor cerca de quinze minutos até a massa começar a formar bolhas.
Coloca-se a massa numa forma untada com manteiga ou margarina e polvilhada com farinha.
Introduz-se no forno, previamente aquecido, para cozer.
Quando o bolo começar a ganhar cor dourada, pegue num palito, espete no bolo, se o palito estiver seco, está pronto.
Retire a forma, deixe arrefecer e desenforme.
Um bolo de confeção rápida, simples, económico e saboroso.
Se a quantidade de pessoas for elevada, não aumente o peso dos ingredientes, comam menos.
Também detenho um prato de cerâmica de Alcobaça de considerável dimensão, predominantemente azul, no centro tem a seguinte quadra:
                                           Santo António português,
                                           bem me podias casar.
                                           De um mais um fazias três,
                                           como faz o Salazar.
Certamente poucos exemplares existem, pois com a revolução de 1974, por razões óbvias, muitos foram destruídos e os que restam foram escondidos.
Sinais de uma época?

Talvez.


Com amizade,
Araujo

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