A TVI lá fez o favor de mostrar através de vídeos numa grande reportagem a realidade vergonhosa que se anda a passar em Portugal. Na verdade, aquilo que pudemos ver, já qualquer um viu, numa simples visita às urgências, contudo creio que nunca nenhum canal televisivo tenha tocado na ferida e fazer disto uma reportagem. Em claros modos sensacionalistas, a TVI lá fez o trabalho ideal para alertar as pessoas que efectivamente as coisas não estão bem dentro do Serviço Nacional de Saúde.
Imagens que muito provavelmente enganaram os mais distraídos, e que julgaram passar-se num hospital qualquer localizado na África, mas não, estamos a falar de hospitais de um país europeu. Na minha opinião, foram vistas imagens que podiam ser facilmente associadas portanto, a qualquer país de terceiro mundo, porém, para o Secretário de Estado Adjunto da Saúde, os serviços de urgência em Portugal funcionam muito bem. Segundo ele, “é uma experiência que confirma que tem picos de afluência, como nós já sabíamos, durante a noite os serviços tendem a encher-se, durante o dia tendem a estar mais vazios, por força da própria orgânica do sistema”.
Eu concordo de certo modo quando ele diz que temos picos de afluência, mas e a falta de profissionais, caríssimo? Como é que explicamos que há profissionais a acumular 300 horas a mais de trabalho, quando estamos claramente a desviar profissionais de saúde para o estrangeiro?
Diz ainda: “Os testemunhos dos médicos que eu ouvi, com o devido respeito, conheço-os há bastante tempo, alguns deles são reputados e reconhecidos militantes do Partido Comunista e da oposição, alguns candidatos a deputados. São pessoas que eu tenho gosto de conhecer há muito tempo e que obviamente estão politicamente motivadas para fazer algumas afirmações, que são opiniões”, então, mas o que estão estes profissionais ainda a fazer dentro de um hospital? Não devíamos começar a avaliar as pessoas, uma a uma, e ver efectivamente o que se anda a passar? Será que temos profissionais verdadeiramente motivados e competentes para desempenhar funções tão importantes como tratar de seres humanos? Não creio que as coisas estejam a funcionar assim tão bem, senhor Secretário de Estado Adjunto da Saúde.
Será que podemos fazer mais cortes no Serviço Nacional de Saúde? Eu como utente, sinto que o que ando a descontar para ter um serviço decente de saúde e, acho que precisa efectivamente de ter melhores condições – e não, não preciso de ver uma reportagem para estar alertado.
Palavras para quê, se o autor dos 'rabiscos de um maldisposto' já disse tudo e ainda melhor comentou?
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