Há mais de 30 anos que se arrasta
lamentavelmente o processo de classificação como património cultural da Fábrica
de Cerâmica das Devesas, aprovado como de interesse público na câmara de
V.N.Gaia, em 1984.
Em 1990, foi apresentado na
Assembleia da República um projecto-lei para a criação dum museu de cerâmica,
através da deputada do PCP Ilda Figueiredo, que foi também vereadora na câmara
de V.N.Gaia. Esse projecto-lei foi chumbado pelo PSD, que tinha então maioria absoluta
de deputados.
Em julho de 2013, foi publicado
pela Direcção Geral do Património Cultural, um novo anúncio de abertura de novo
procedimento de classificação como património cultural.
Reportagens recentes, na
comunicação social, mostraram o estado de inadmissível destruição que se
verifica nas instalações fabris. O actual presidente da câmara de V.N.Gaia,
também referiu, que a classificação poderia ocorrer até final do passado mês de
março, o que parece não ter acontecido.
Os interesses imobiliários, tudo
fizeram e conseguiram travar uma decisão política que salvaguardasse o
interesse cultural e museulógico da fábrica de cerâmica fundada no século XIX,
num concelho bastante marcado por essa actividade industrial. Saliente-se ainda
a localização junto aos armazéns de vinho do Porto, na zona histórica de
V.N.Gaia, cuja classificação como património da humanidade aguarda, depois de
não ter acontecido quando tal foi reconhecido ao centro histórico do Porto.
A política que tem tramado as
condições sociais, económicas e perspectivas de futuro mais risonho para os
portugueses, é a mesma que, a nível nacional ou local, atrofia a cultura e
demonstra incapacidade para promover o seu desenvolvimento, seja nas artes ou
na valorização do património.
O pessoal que nos governa, seja nos ministérios, seja nas autarquias, não tem educação histórica nem estética. Julgam que o mundo começou com eles e por isso desprezam os valores do passado, desde os monumentais aos valores éticos. O desprezo pelos espaços a que resolveram chamar de históricos é clamoroso. O país está mergulhado nestas misérias. Dantes tínhamos os da nobreza que não trabalhavam porque eram de sangue azul, agora temos os políticos que não trabalham porque vieram das JOTAS. É o fado portuga que, orgulhosamente, após se gastar cerca de um milhão de euros, foi reconhecido como património imaterial da humanidade.
ResponderEliminar'E tudo a loucura levou'. Só nos resta ver em este desvario vai dar. Talvez termine em um qualquer deserto da nossa desilusão colectiva.
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