Continuam a martelar na minha cabeça as frases "eu já fui nacionalizado uma vez; não queria sê-lo novamente" e "eu não fali; obrigaram-me a falir".
E, perante tal desfaçatez proferida duplamente por um ronhoso
maltês de alto gabarito da prestidigitação de cifrões contra o que legalmente
está estabelecido e situado num Estado dito e redito de oficial Direito, qual
será a razão de tal cabecilha que tais frases proferiu, ainda não lhe tenham
sido confiscados todos os seus imerecidos bens e posto em prisão efectiva, contemplando
também, de igual modo, toda a cambada que o acompanhou em tais malfeitorias?
Todos nós, comuns mortais, devemos ter as nossas próprias
ambições, quer materiais ou outras, que nos proporcionem bem-estar social e
espiritual. Todavia, devemos ter especial contenção em tudo que ambicionamos,
não indo para além do que a moral e as boas práticas permitem.
Assim sendo, para quê tanto dinheiro direcionado para uns quantos
e miséria extrema para milhões de semelhantes? Para quê e o porquê de 10 humanos terem mais do que 90% de toda a riqueza de toda a Humanidade?
Dizem-nos que alguns concidadãos merecem ser bem pagos pelo
bem que proporcionam às sociedades onde se inserem, mas isso mesmo é uma
demasia opressora e imoral ao obterem impensáveis valias em detrimento daqueles
que, para viverem, nada têm.
Eu sei – eu sabia – que as organizações sindicais pouco se
importam que alguém ganhe muito mais para além da tabela contratualmente
estabelecida, uma vez que sustentam que ninguém deve ganhar abaixo dos mínimos
estabelecidos nessas mesmas tabelas de remunerações. Contudo, as assimetrias
salariais são tão gritantes na actualidade, que provocam, não uma salutar
equidade salarial e social, mas outrossim, provocam alucinantes desvios
comportamentais, que levam à morte colectiva de muitas gerações, que somente
queriam obter o mínimo para viverem.
José Amaral
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