Apesar de ultrapassada a data, 25 de Dezembro, estamos, ainda, a viver o período de celebração do Natal. Nesta quadra reforça-se a valorização da afetividade e agudiza-se a fantasia positiva, contrapostas, infelizmente, tantas vezes, com a materialidade e a vaidade. Como se o Natal das prendas, fosse mais valioso que o Natal da Fraternidade. Não deixa de ser importante que o espírito natalício, deva acontecer no quotidiano de todos e de cada um, sustentado num ambiente de solidariedade, sem temporalidade, de urbanidade com justiça e de caridade com vontade. É que a Luz da Esperança, da Paz e da Harmonia, inerente à vinda de Jesus ao mundo, deve permanecer todos os dias, em cada dia, sustentada no amor, sem que NUNCA se apague, seja onde for.
E se na vida devem ser
reconhecidas as atitudes e gestos solidários, no verdadeiro e genuíno sentido
do afeto, não será menos verdade que aquilo que deveríamos fazer e, muitas
vezes, por indiferença ou puro comodismo, não fazemos, deveria deixar-nos a pensar,
a refletir, para depois, em conformidade, passar a agir. E nesse contexto
prolifera tanta postura descontextualizada…ainda que pareça formalmente
adequada.
Devemos, pois, estar atentos aos
nossos ambientes, ao mundo fora deles, olhando também para dentro das janelas que parecem fechadas. Também para
dentro das janelas de uma prisão, devemos olhar, sobretudo com o sentido da
compreensão, da partilha, da presença, da tolerância e do perdão, tendo em
conta o que refere D. José Cordeiro, Bispo de Bragança – Miranda, “de coração
aberto, na alegria da fé, da esperança e da caridade”.
Foi com este espírito,
contextualizado numa “…Igreja alegre, servidora e pobre, ao serviço de todos,
especialmente dos que mais precisam”, que, uma vez mais, D. José Cordeiro esteve
presente no Estabelecimento Prisional de Bragança, para celebrar o Natal.
Acompanhado pelo, recentemente
nomeado Assistente Espiritual e Religioso, Padre Fernando Calado. Regresso que
se saúda. D. José com a atitude de proximidade que o caracteriza no meio
prisional, além de Celebrar a Eucaristia para os reclusos, visitadores/as e
funcionários, procurou ouvir aqueles que o abordaram e a ele se dirigiram, indo
de encontro ao pensamento do Papa Francisco.
Na homília, D. José Cordeiro,
recordou as palavras do Santo Padre quando se dirige aos encarcerados, que
experimentam a limitação da liberdade. Referindo que “o Jubileu constitui
sempre a oportunidade de uma grande amnistia, destinada a envolver muitas
pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da
injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade,
oferecendo contributo honesto.”
Numa Igreja que nunca deve
“abandonar” aqueles que “nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência,
e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o seu
pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem
pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações,
consegue também transformar as grades em experiência de liberdade” (Papa
Francisco), a presença dos discípulos se faça sentir de forma atenta,
desinteressada e permanente, ao contrário do que vinha acontecendo, no
Estabelecimento Prisional de Bragança, num período de tempo mais recente.
Nuno Pires
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