Esta é a conclusão a
que chega Jeffrey Pfeffer, através do seu livro Leadership BS: Fixing Workplaces
and Carreers One Truth at a Time, que faz parte dos nomeados para
o Prémio de Melhor Livro de Gestão,
anualmente promovido pelo Financial Times e pela McKinsey.
Reconhecido docente
de Stanford e professor visitante das maiores escolas de gestão do mundo, como
a London Business School, a Singapore Management University, a IESE Business
School, Harvard, neste livro politicamente incorrecto, Pfeffer acusa a poderosa
indústria da liderança de nada fazer para criar bons líderes, simplesmente
porque “doura a pílula” e não assume a verdade do que se passa nas elites
organizacionais.
Pese embora a
sugestão para que não se tirem conclusões precipitadas da mensagem que o professor
de Stanford quer passar, Pfeffer descreve-se a si mesmo como um
realista que não vai em contos de fadas, mas como alguém que, através de dados
empíricos e científicos, consegue perceber que as organizações são tóxicas por
natureza e que os executivos de topo que maior eficácia alcançam não são nem
autênticos, nem modestos e muito menos confiáveis.
Citando Pfeffer , a formação empresarial, nos Estados
Unidos, representa um mercado no valor de 70 mil milhões de dólares, dos quais
35% são gastos, especificamente, na melhoria das competências em gestão e
liderança. Livros, workshops,
conferências, sessões de formação, vídeos de discursos inspiradores, blogs,
consultoria “aplicada”, tudo serve para ajudar empregadores e empregados a
melhorar a sua performance e, por conseguinte, a das organizações, com o
objectivo de cumprirem a sua missão, maximizar os seus lucros e, de
preferência, ainda, a dos demais stakeholders.
Até aqui nada que não
se faça no resto do mundo sobre a matéria. O problema é que, de acordo com o
autor, independentemente de quão bons são os livros, os discursos dos pretensos
especialistas em liderança, as lições fornecidas pelas consultoras ou os
próprios cursos ministrados por entidades variadas, nem os líderes estão a
ficar melhores, nem os colaboradores estão mais felizes.
O professor não tem
qualquer prurido em afirmar que, nesta indústria, não existem barreiras à
entrada. Qualquer pessoa, com ou sem credenciais sérias, pode escrever um livro
ou desenvolver e ministrar um seminário sobre liderança. Como afirma,
"muitos denominados especialistas em liderança nunca estiveram numa posição
de liderança, ou estiveram, mas falharam ou são defensores de um estilo de
liderança que é muito diferente do que aquele que praticaram enquanto foram líderes".
Numa entrevista à
Forbes, Pfeffer recorda um ranking publicado em 2014 pela revista Inc. relativo
aos 50 Especialistas em Gestão e Liderança, no qual e nos 20 primeiros lugares,
um dos classificados não tinha nenhum grau académico, apenas cinco tinham
formação em áreas relevantes e dois tinham doutoramento em Religião. E todos
estes "especialistas" se auto-descreviam como "oradores”.
Segundo o autor, a
razão para a falácia desta indústria e talvez a mais interessante, diz
respeito, a significativo paradoxo: aquilo que é bom para uma empresa pode não
ser bom para o líder e vice-versa.
Na verdade, uma das
suas mais deprimentes conclusões – e são várias as que o livro enumera – “é a
de que os líderes e aqueles que escrevem sobre eles – os primeiros porque são
narcisistas focados no seu próprio interesse e os segundos porque tornam a sua
pregação mal orientada extremamente popular – irão continuar a sair-se muito
bem”.
O que realmente o
preocupa são os seres humanos que têm carreiras estropiadas’e percursos
‘descarrilados’ e que trabalham em locais que são, literalmente, expostos a
condições tão tóxicas como as dos fumadores passivos”.
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