AEROPORTO NO MONTIJO, PORQUE INSISTE O GOVERNO ?
Devido
ao impacto negativo nas populações e, sobretudo, no ambiente de uma
maneira geral, com particular incidência nas muitas espécies de
aves migratórias e autóctones, as organizações ambientalistas,
convergem na crítica ao novo aeroporto no Montijo.
Também
o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a Ordem dos Engenheiros,
e a dos Biólogos, os municípios da Moita, Palmela, Sesimbra,
Setúbal, Benavente e a AMRS, fundamentadamente, discordam.
Para
além de diversos aspetos altamente negativos, é unânime para as
entidades citadas, que esta opção, está longe de completar ou ser
alternativa, ao aeroporto Humberto Delgado.
Num
trabalho sobre a matéria, da autoria da jornalista aqui da casa, Ana
Martins Ventura (O Setubalense, 30/7/19), citando Manuel Ferreira da
“Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não!”; “Este não é
um novo aeroporto. É o velho aeroporto de Lisboa, com um remendo no
Montijo”. E referindo-se ao acrescento que seria feito à pista, na
Base Aérea do Montijo.
“
A pista terá de ser forçosamente estendida. Porque tem 2187 metros
e não suporta a aterragem de aviões de grande porte, da classe C.
Aumentada 300 metros para sul, no sentido do Barreiro, vai fechar o
canal de navegação e aumentar a suscetibilidade do aeroporto às
inundações e subida do nível das águas”.
Concluindo:
“ Este plano não é um atentado, nem uma ameaça. É um crime da
ANA”.
Para
os leitores menos atentos, convém lembrar que a empresa ANA, de
portuguesa, só tem o nome. Foi privatizada e vendida à
multinacional francesa, VINCI, um dos principais acionistas da
Lusoponte que também explora as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama.
Portanto,
à ANA, o que lhe interessa é o “remendo do aeroporto de Lisboa
no Montijo” E ao país? Porque insistirá o Governo PS?
E as
criticas já se internacionalizaram. Cientistas portugueses da
Universidade de Aveiro, fizeram-nas Chegar à prestigiada revista
científica Science. Em declarações à Lusa, o biólogo José Alves
coautor com Maria Dias da organização Birdlife, do texto publicado
na referida revista, acusa o Governo português de ir contra os
objetivos do Pacto Ecológico Europeu ao persistir na construção do
aeroporto no Montijo, apontando sobretudo o efeito destrutivo em
centenas de milhares de aves no estuário do Tejo. Acrescentando, “Há
outros países que partilham estas aves e que investem na sua
proteção, porque já estão numa trajetória de declínio. Estamos
a falar de 200 mil aves no Inverno e 300 mil nos períodos
migratórios.
A
ideia de que as aves, porque voam, se podem deslocar para outros
lugares, não corresponde à realidade. Estas aves, apesar de voarem
milhares de quilómetros, são fiéis aos locais para onde migram,
por vezes ao quilómetro quadrado”.
Tudo
isto,apesar das alterações climáticas, quando deveria ser
preocupação geral a preservação das espécies e do ambiente.
Tudo
isto, com a opção Alcochete bem menos problemática e completa,
ali tão perto. E o grande aeroporto de Beja às moscas, em comboio
rápido, a uma hora da capital.
Francisco
Ramalho
Publicado hoje no jornal "O Setubalense"