quinta-feira, 1 de maio de 2014

O INCERTO CAMINHAR DA HUMANIDADE

Recentemente a NASA (Agência Espacial Americana) comemorou a passagem da sonda espacial Voyager 1 para além dos limites do sistema solar, sendo o primeiro artefato de origem terráquea  a penetrar no espaço interestelar, depois de 36 anos do seu lançamento(05/09/1977).
 Junto aos equipamentos tecnológicos (alguns já ultrapassados pelo tempo), diante da possibilidade de ser capturada por uma distante e avançada civilização alienígena, foi colocado um disco banhado em ouro, trazendo a gravação de sons característicos  de vários ecossistemas da terra, assim como uma seleção de cumprimentos em várias línguas, com músicas representativas de inúmeras culturas terrestres.
Na comemoração desta fantástica e histórica façanha, foi novamente divulgada uma foto, que esta sonda tirou do nosso planeta quando ainda estava passando  nas proximidades do planeta Saturno (2012),  em que mostra a terra, representada por um pequeníssimo  ponto azul  mergulhado numa imensidão de estrelas, onde se nota a nossa tremenda  insignificância frente a este colossal  e infinito universo  do qual somos parte. 
A Terra, este Pálido Ponto Azul ( denominação dada pelo famoso astrônomo Carl Sagan), que  nos coloca neste cenário deslumbrante, existe há 4,5 mil milhões de anos (teste de decadência do urânio para o chumbo ), venceu neste período varias lutas pela sobrevivência , com inúmeros choques com outros astros, conseguiu domar a ação deletéria do Sol, filtrando as suas radiações maléficas  e aproveitando a necessária energia da luz solar que nos  dá vida, tornando um verdadeiro oásis no meio do turbulento mar de radiação do espaço cósmico, constituindo o berço  de vida,  notadamente da espécie humana, com surgimento há cerca de 200 mil anos ( muito recente em termos siderais).

No  bojo do advento de uma espécie  inteligente, a terra pôde presenciar  um gradativo aumento de sua tecnologia, com progressos significativos nos últimos 250 anos, com abrangência em todas  áreas de conhecimento, forçando o  aumento cada vez mais de todo tipo de energia disponível.
Fica às vezes muito difícil as pessoas conceberem os intervalos de tempo e espaço, quando se trata  de assunto relacionado ao espaço sideral, pelas suas  enormes dimensões.  Para isto, tentarei estabelecer uma escala fictícia e reduzida, para dar uma noção de valores relativos de medidas  envolvidas neste contexto.
Supondo que a idade terra fosse reduzida ficticiamente  a  um ano, com  seu início ocorrendo em 1º de janeiro,o aparecimento do ser humano no planeta somente ocorreu nos últimos 4 minutos  antes da meia noite do dia 31 de dezembro, e a nossa tecnologia, como a conhecemos hoje, só veio a ocorrer nos últimos dois segundos do referido ano.
Lembrando que usando o mesmo critério em relação ao universo  como um todo, reduzindo a sua idade (14,5 mil milhões de anos) a uma escala fictícia de um ano, com inicio de formação em janeiro, a terra (juntamente com o sistema solar), somente veio a ser formada lá  pelos meados do mês de agosto.
O nosso querido planeta azul que a tudo resistiu  no decorrer de sua longa  existência, a ponto de domar o próprio Rei Sol, já não suporta a ação de seus ilustres habitantes chamados de humanos, pela constante agressão que vem sofrendo nesta curta presença relativa de nossa espécie na terra, agravada pela sua descontrolada reprodução, com aumento expressivo  da população,  tornando a médio e  longo prazo, impossível a   vida inteligente neste nosso recanto cósmico.
Em dados retirados do livro “Dez mil milhões”, do cientista e pesquisador da universidade de Oxford, na Inglaterra, Stephen Emmott, traduzido para o português e editado pelo Temas e Debates Editores do grupo Bertrand, há 10 mil anos havia apenas um milhão de nós, em 1800 havia um mil milhão, em 1960 havia 3 mil milhões , atualmente somos 7 mil milhões, em 2050 seremos no mínimo 9 mil milhões, no fim do século estima-se uma população de no mínimo 10 mil milhões, podendo alcançar a enorme cifra de 28 mil milhões, se não houver nenhum controle de natalidade.
Os problemas deste aumento incontrolável da população terráquea ocasionarão grande demanda por alimentos, pela busca da já escassa água potável, pelas crescentes necessidades energéticas, acrescentado neste contexto a poluição gerada para fazer frente a esta caótica situação.
Somente na parte de energia em estimativas feitas pelo livro acima citado, precisaríamos construir, até o fim do século, 1800 barragens de grande porte ou 23 mil usinas nucleares ou 14 milhões de turbinas eólicas ou 36 mil milhões de painéis solares.
Diante dos recursos disponíveis hoje, torna-se impossível alcançar a meta acima,  restando  para amenizar a situação uma possibilidade, mesmo que remota, de reverter este quadro, numa tentativa de salvar a vida na terra, através de uma necessária e oportuna intervenção da ONU, consoante  medidas impositivas aos governantes em todos os níveis, no sentido de minorar a agressão ao meio ambiente, e de estimular ações que possam regulamentar esta tão elevada taxa de reprodução humana. 

Por: Orivaldo Jorge de Araújo              ori@uol.com.br

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