Na tomada de posse dos novos corpos gerentes do Sindicato dos
Jornalistas, no passado dia 14 de janeiro, Alfredo Maia na despedida das suas
responsabilidades sindicais de presidente do sindicato, efectuou uma oportuna e
objectiva intervenção, em que referindo, a determinada altura, um «cerco de
silêncio» da comunicação social em relação ao Sindicato dos Jornalistas e à sua
actividade, acrescentou:
«Não nos queixemos, porém. A informação sobre a actividade sindical em
geral, quanto às actividades, iniciativas, propostas e realizações dos
sindicatos há muito foi praticamente banida das páginas dos jornais e dos
espaços de rádio e de televisão. Alguém me explicava em tempos, para justificar a
extinção das velhas secções de Trabalho e Sindicalismo, que sempre é preferível
colocar a informação laboral nas secções e páginas de Economia, porque, feitas
as contas, a Economia é feita de Trabalho e de Capital. Mas, refeitas as
contas, parece que o Trabalho se perdeu a caminho da gráfica e o que conta é o
Capital».
Recuando no
tempo, no período de 19 a 26 de Junho de 1986, em análise às notícias sobre
problemas e conflitos laborais, publicados nos três jornais diários então
existentes no Porto, o resultado foi o seguinte: «O Primeiro de Janeiro», 11
notícias, com espaço médio de 1/8 de página; «O Comércio do Porto»,16 notícias,
com espaço médio de 1/4 página; «Jornal de Notícias», 76 notícias, com espaço
médio de 1/2 página e em alguns casos com destaque a toda a largura da página.
Esta análise
foi efectuada no âmbito da acção então realizada contra a privatização do
«Jornal de Notícias», salientando que a atenção dada aos problemas dos
trabalhadores pelo JN, também era uma das razões, porque o governo da altura de
Cavaco Silva, estava a criar condições para que o «cerco de silêncio» se
desenvolvesse, à medida que a política de direita garantiu ao grande capital e
seus apaniguados o controlo da comunicação social.
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