terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

em O LIVRO EM BRANCO (datado de 1988) - páginas 67 e 68

Homem-animal fratricida

O céu era verde.
O homem mudou-lhe a cor.
A conquista do Espaço alegrou
os humanos corações, mas logo os
mesmos macabros monstros  engendraram
o mal e para o Espaço levaram o mesmo ópio do ódio
em contranatural projecto – a não preservação da espécie
e acabar com tudo do que ainda resta nesta (que era linda)
esventrada, poluída e tristemente doente Terra.


Eu eu

A minha máscara dura, aspecto circunspecto,
Antítese disso mesmo é, realmente aparente,
Castelo de areia na tormenta é o que é.

Por detrás da couraça, concreto espectro,
Sensibilidade atroz, torpo corpo,
Mutila-me a alma, incompreendida e sentida.

Não demonstro ao passante, caverna terna,
Sensibilidade minha, minha e só minha,
A minha máscara dura, de aspecto circunspecto,
É minha
E muito minha.


José Amaral

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