quarta-feira, 1 de abril de 2015

Já não tenho pachorra, nem fundo de maneio

Normalmente e antes dos telejornais das 13 horas é habitual comentarem-se casos caricatos da vida real.
E, um desses casos que me chamou especial atenção, foi de ‘GNR desaloja reformado da GNR de casa por si habitada há mais de 30 anos’.
Então, os doutos comentadores Hernâni de Carvalho e Paulo Sargento, com bitaites mais lacrimejantes que puras carpideiras, teceram as mais duras críticas ao comportamento da corporação policial em questão.
Disseram que homens como o sexagenário em apreço serviram a Pátria e que muitos deles estavam endividados.
Só que tais filantropos comentadores se esqueceram de pesar tudo no prato da mesma balança, em que a renda que tal reformado paga mensalmente é de, imagine-se, de 90 cêntimos do euro, e que a sua reforma líquida mensal anda à volta de 1 300 euros.
E se este homem serviu a Pátria, como foi dito pelos ditos comentadores, ‘qué’ dos outros que quase nada ou mesmo nada recebem?
Já não tenho pachorra para ouvir tantas baboseiras baratas, nem fundo de maneio para manter tantos 'ofendidos da vida', uma vez que eu também só tenho uma vida, como o comum dos mortais.
Eu só pergunto: o que terá levado este senhor, dito que foi uma espécie de funcionário público, a não ter adquirido ao longo da sua vida a sua própria casa e depender agora e sempre exclusivamente do seu empregador, a fim de se alojar, a si e a toda a família?
E é por isto e muito mais que as gorduras do Estado estão a dar cabo de nós. Eles medram, e nós definhamos de tanto dar de mamar. Ou não?

nota: texto também publicado na íntegra no blogue OVAR NOVOS RUMOS, em 2/4

José Amaral

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