segunda-feira, 2 de setembro de 2019


Completamente em sintonia...


... Com o que no JN escreve Valter Hugo Mãe, acerca dos vinte anos do referendo que abriu em Timor as portas da independência; é que nunca percebi quem tenha caído na esparrela patrioteira e gananciosa do “Portugal do Minho a Timor”. e das “nossas Províncias Ultramarinas”, doutrina que espezinhou os mais básicos direitos dos legítimos e naturais herdeiros daqueles territórios.

Diz o escritor: “A descolonização portuguesa, tardia, foi negligente culminando uma ainda mais negligente ocupação de séculos, que não ultrapassou um racismo elementar, auferiu dos lugares, das pessoas, dos seus corpos. A colonização foi uma aberração histórica que trouxemos até demasiado  recente”.

“Hoje, o meu orgulho é no povo timorense que soube escolher a independência. O mérito é de quem resistiu ali.Esta data é uma vitória que elogia Timor. A diplomacia e a comoção portuguesas não serão mais do que a solidariedade possível depois do abuso. Portugal podia muito pouco depois de haver abandonado  tudo atabalhoadamente, mais ainda depois de guerrear com os povos colonizados, matando milhares. Éramos os maiores aliados num misto de profunda culpa e vergonha”.


Amândio G. Martins

3 comentários:

  1. A única coia com que não concordo é que a descolonização foi negligente por parte de Portugal. Atabalhoada talvez, mas... de que outro modo podia ser? Feita num tempo serôdio, com tudo a "cair de podre", com uma revolução que existiu por isso mesmo, sem força negocial alguma, de que outro modo poderia ser, repito? Nunca me esquecerei da noite inteira que passei, após o 25 de Abril, a ouvir as detonações que "rebentaram" com a linha férrea que ia de Moatize a Mutarara, em Moçambique... apesar da forte vigilência militar portuguesa da mesma linha. Era o fim continuado de outro fim que tinha começado em Lisboa um mês atrás.. A negligência tinha sido muito antes e durante demasiado tempo, obviamente com intencionalidade ideológica e política... Aliás essa dita negligência é aduzida ( não será o caso de VHM) pelos que a tiveram e usavam o tal "do Minho a Timor" e chamavam províncias às colónias...

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  2. Do que me lembro e do que me disse o meu irmão José Marinho que, por ficar encantado com Moçambique, acabou por ficar lá a trabalhar, depois de ter cumprido o serviço militar que lá o levou, o principal problema foi ter-se quebrado a cadeia de comando; já nenhuma autoridade portuguesa era obedecida, e apoderou-se dos brancos que lá trabalhavam a urgência de salvar a pele, como foi o caso dele...

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  3. Também não vejo como poderia a descolonização, naquele tempo, ter sido feita de outra forma. Ou melhor, diferente poderia sempre ter sido, mas.. perfeita, exemplar? Esticada como foi a corda, cá e lá, muita sorte tivemos todos em não haver maiores desgraças. Porque algumas destas, dados os antecedentes e as condições da época, eram absolutamente inevitáveis.

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