Gentinha que não se recomenda...
Lembrar-me que, quaisquer que sejam os meus problemas, a
soma dos ângulos de um triângulo é sempre 180 graus, espevita-me para entender
que, se há coisas que não posso mudar,
muitas outras há também que desafiam a minha passividade.
Tenho as pernas cheias de varizes, que é um problema que me
incomoda bastante, mas agrada-me pouco pensar em cirurgia, e medicamentos de
toma oral também me não tentam; como a Drª Dolores Zapata me falou que podia
experimentar meias elásticas, um anúncio de página inteira que um dia destes vi
no jornal despertou-me interesse.
De facto, a descrição da qualidade das meias e do material
de que são feitas - nylon, spandex e
cobre - com fecho de correr lateral para
facilitar a colocação, e a tentadora foto de duas pernas calçadas com elas , não fôra a
leitura atenta e não suspeitava estar-se
perante alguém que não valoriza a lisura de procedimentos.
E, ao ler-se que as meias são de tamanho único, optimas para
homens e mulheres e, num vistoso “flash”, “fantástica promoção” desde 14.95
euros o par, surge a primeira ponta do rabo do gato: Então se são de tamanho
único, feitas com o mesmo tipo de material, como entender aquele “desde”?
Observando mais atentamente, fica-se com a certeza de que
não é gente confiável já que, nas costumeiras letras pequeninas, vê-se o nome
da empresa, “Viver Melhor Directamente”, e um Apartado em Lisboa como endereço,
o que faz soar todas as campainhas, tanto mais que, numa outra frase ao lado,
quase invisível, o preço passa para 19.95...
Amândio G. Martins
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