sábado, 7 de setembro de 2019


Gentinha que não se recomenda...


Lembrar-me que, quaisquer que sejam os meus problemas, a soma dos ângulos de um triângulo é sempre 180 graus, espevita-me para entender que, se  há coisas que não posso mudar, muitas outras há também que desafiam a minha passividade.

Tenho as pernas cheias de varizes, que é um problema que me incomoda bastante, mas agrada-me pouco pensar em cirurgia, e medicamentos de toma oral também me não tentam; como a Drª Dolores Zapata me falou que podia experimentar meias elásticas, um anúncio de página inteira que um dia destes vi no jornal despertou-me interesse.

De facto, a descrição da qualidade das meias e do material de que são feitas -  nylon, spandex e cobre -  com fecho de correr lateral para facilitar a colocação, e a tentadora foto de  duas pernas calçadas com elas , não fôra a leitura atenta e não suspeitava  estar-se perante alguém que não valoriza a lisura de procedimentos.

E, ao ler-se que as meias são de tamanho único, optimas para homens e mulheres e, num vistoso “flash”, “fantástica promoção” desde 14.95 euros o par, surge a primeira ponta do rabo do gato: Então se são de tamanho único, feitas com o mesmo tipo de material, como entender aquele “desde”?

Observando mais atentamente, fica-se com a certeza de que não é gente confiável já que, nas costumeiras letras pequeninas, vê-se o nome da empresa, “Viver Melhor Directamente”, e um Apartado em Lisboa como endereço, o que faz soar todas as campainhas, tanto mais que, numa outra frase ao lado, quase invisível, o preço passa para 19.95...


Amândio G. Martins

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