Muitos galos e poucos poleiros...
A criação de partidos políticos parece-me excessivamente
fácil, assim como a sua proliferação me parece que só fragiliza o regime
democrático que, generosamente, permite o seu aparecimento; de facto, como
frequentemente se verifica, quanto maior for o número de partidos com assento
parlamentar, mais complexa se torna a governabilidade dos países.
E é por isso que o sistema grego não é tão absurdo como
possa parecer, que é o partido vencedor das eleiçoes ter um “bónus” de
cinquenta lugares, para que possa rapidamentre formar governo, respondendo pelas
suas acções no final da legislatura; e é assim que, no dia seguinte às eleições,
já o partido vencedor se apresenta ao presidente da República pronto para começar a trabalhar.
Ao contrário, em Espanha prepara-se a 4ª eleição em quatro
anos, porque o partido vencedor das últimas não conseguiu, desde abril até
agora, formar o governo que pretendia para resolver os problemas do país; é que
o parceiro natural para o fazer colocou tantas e tais exigências que, tendo
contribuído para o chumbo da primeira tentativa de investidura de Pedro Sánchez,
no passado mês de julho, este não voltou a confiar no “Unidas Podemos”,
limitando-se a pedir à Direita que se abstivesse, coisa que nunca pareceu possível.
No “Podemos” até o nome, “Unidas”, me parece equivocado, como
se fosse um partido só de mulheres, e embora tenha muitas e bem barulhentas,
que contribuíram largamente para o insucesso da investidura de Sánchez,
chamando “floreros e casetas del perro” aos ministérios oferecidos em coligação,
soa-me um bocado ridículo ouvir os homens expressar-se como “nosotras”, quando
falam para a comunicação social.
Os dados estão lançados e teme-se uma larga abstenção, em
que Pablo Iglésias, pelo que mostram as sondagens, tem motivos para estar
preocupado, pois já nas anteriores eleições tinha perdido muitos votos; tudo irá
depender de como os eleitores avaliarem quem foi o culpado do fracasso da
investidura, embora toda a oposição, que fez tudo para o insucesso, aponte Sánchez
como único responsável, que não foi competente para fazer pactos de governo...
Amândio G. Martins
Vivemos mesmo um tempo "pós-moderno". Se na arte - di-lo David Lodge- a obra em si , muitas vezes, pouco vale sem uma estrutura discursiva por detrás, agora na política e, direi mais, na democracia, um Santana Lopes cria um Partido logo após perder as eleições para presidente doutro e também Matteo Renzi o faz num processo da "mesma família". A democracia ensinou-nos coisas onde nos "estamos afogar"... Digo-o com uma tristeza enorme!
ResponderEliminarOs nomes que aponta são casos paradigmáticos; não conseguindo os lugares a que se sentiam com direito nos partidos em que se tornaram notados, não viram outra saída que não fosse "fazer" um partido para eles...
ResponderEliminarSoube hoje que Manuel Monteiro pediu para reentrar no CDS. Antes, já o tinha feito António Capucho para o PSD ( o que lhe foi negado...). Ou seja.... as portas são "giratórias... e... cheias de "convicções"...
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