“Quem não sabe é como quem não vê”...
Ainda há meio milhão de portugueses que não leem nem
escrevem; “e temos pessoas de 35 e 40 anos, pessoas com o 6º ano de
escolaridade que não sabem ler” - informa o JN – e mais de 25% dos que sabem ler não entendem o que leem,
pessoas com o 9º ano que não entendem a bula de um medicamento, nem conseguem
ver levada a sério uma queixa no livro de reclamações, porque as entidades que
recebem aquilo não percebem do que se queixam.
Mas também há licenciados que não conseguem, no que leem,
discernir o verdadeiro do falso; num tempo em que abundam os difusores de
falsidades, percebe-se melhor por que muitos profissionais da politiquice
abusam das alarvidades que proferem
porque, na sua óptica, “para quem é, bacalhau basta”!
A propósito, estão a decorrer em Ponte de Lima as velhas “Feiras
Novas”; por ser a última das grandes romarias, estes festejos atraem multidões,
de tal forma que, dos oito multibancos que ainda por cá se vão mantendo, no
domingo de manhã nem um só tinha dinheiro, mas o que queria dizer é que os
organizadores contratam muitas fanfarras, que atroam os ares e fazem tremer o “casco
velho”; assistia eu à “performance” de um dos grupos, tudo gente jovem, rapazes
e moças quando, no fim, o mocetão do bombo mais sonante, achando fracos os
aplausos, reagiu assim: “Bateide palmas, car#lho”!
E aqui peço licença para prestar homenagem ao meu avô
materno, João Miguel Coelho Gonçalves que, pai de cinco raparigas e um rapaz,
todos aprenderam a ler e escrever muito bem, num tempo em que na aldeia não
havia escola nem tão cedo se esperava; faleceu novo, em 1920, era minha mãe, a
filha mais nova, ainda rapariguinha, mas
não ficaram analfabetos lá em casa, porque confiou a instrução de todos a um
casal letrado que havia na aldeia e dava aulas em casa.
Isto parece-me tanto mais relevante quanto, já na minha
geração, trinta e tal anos depois de meu avô ter partido, poucos pais se
preocupavam que as filhas fossem à escola, e aqueles que as deixavam, mais por
medo de pagar multa se não comparecessem, faziam-nas parar na 3ª classe, que
era o mínimo obrigatório para meninas...
Nota – foto dos meus avós maternos, João Miguel e Custódia
Maria; a “chapa” original desta foto tem cento e tal anos...
Amândio G. Martins
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