Vejam lá o atrevimento! A culpa foi da boa "safra" que tive no dia da abertura da Feira do Livro, onde a tarde estava amena e com pouca gente, talvez no rescaldo que sucede, quase sempre, à agitação de qualquer "ritual litúrgico" como é uma inauguração. Bom, mas volto às minhas compras e ao livrinho de 3 euros da autoria de Fernando Pessoa (FP) e intitulado "Os Portuguesese/ A Maçonaria", Escrito em 1935 contem um libelo contra um deputado, José Cabral (JC), que o poeta considera "pateta" porque quer fazer aprovar uma lei, para ilicitar as "associações secretas". Em jeito de "lição ao ignorante", como faz questão de dizer o próprio FP....
Toma a intenção do político como um ataque à maçonaria e, num "aviso à navegação", confessa-se não maçon ( ao contrário do que eu pensava), mas logo aproveita para chamar "dominicano" ao JC..... E logo passa a dizer que a maçonaria não é uma "sociedade secreta" mas sim uma "associação de iniciados". E junta que, se o fosse, até o Conselho de Ministros o seria... E continua, eruditamente, a definir o que a maçonaria é, citando os três pilares em que assenta - iniciação, fraternidade e "humanidade" ( entre aspas, porque não arranja melhor palavra, confessa) - sendo a última uma amálgama de personalidades e caracteres que os permite...
Confesso que pensei que ia ler uma verdadeira lição dum mestre mas.... não me convenceu em nada pois ouvi um defensor duma ""causa, tentando justificá-la mas nunca o conseguindo. Continuo na minha ( sem estar de acordo com qualquer imposição de ilicitude): as sociedades secretas ( são mesmo) são uma peste - TODAS - e bem pode FP elogiar uma, que seriam ridículas se não fossem... perigosas. Prefiro o "Livro do Desassossego"....
Fernando Cardoso Rodrigues
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