segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Os inimigos da democracia segundo António Barreto


Os leitores crónicos das crónicas de António Barreto (A.B.) já devem estar habituados ao estranho estilo do cronista, acabando por entranhar-lhe o sentido errante. Muitos dos outros, leitores ocasionais, vêem-se aflitos para se desenredarem no intrincado pensamento do autor. Na crónica do Público (P2 de 29 de Setembro), sob uma “grande angular” demasiadamente afunilada, A.B. tem dois grandes momentos. No primeiro, clarificador, elenca os inimigos “clássicos” da democracia: comunistas, fascistas e populistas de esquerda e de direita, que se limitam a esperar pela erupção da incompetência e da covardia que, dito assim, devem ser as principais (únicas?) “qualidades” dos democratas. Atravessando algumas alusões a Ignazio Silone, e os “muros” de Tancos, A.B. passa para o segundo momento, desferindo desvelados ataques, que já lhe devem ser habituais, às instituições portuguesas, fazendo “seus” os clichés que atribui aos pequenos partidos que há por aí, também eles, afinal, inimigos da democracia. Quer dizer, depois de mostrar a pele dos inimigos da democracia, A.B. não resistiu a vesti-la. Mas não lhe fica nada bem.   Público - 01.10.2019

4 comentários:

  1. Hoje já o li duas vezes: aqui e no jornal. Estou de acordo consigo quanto ao "boiar" de AB. Apesar de este texto de domingo pasado ser dos melhores que ele vai escrevendo. Porquê? Porque, apesar de tudo diz, na primeira metade, coisas como "...as democracias não são derrubadas. Ninguém as conquista do exterior..."; " A morte de uma democracia é, o mais das vezes, um suicídio camuflado" e... " E será por causa do nepotismo, da corrupção e da portagiratória".

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    1. Que AB cultive amorosamente o seu “pessimismo irritante”, é lá com ele. Acha que os democratas, além de incompetentes e covardes, são egoístas, narcisistas, desatentos, e têm ambição desmedida, volúpia, cobiça, e alimentam querelas inúteis. Gostava muito de saber se, para ele, os “inimigos da democracia”, para além da esperteza de espreitarem e esperarem, são entes superiores, isentos daqueles (e de outros) erros tão comezinhos cometidos pelos democratas. Para AB, os democratas são os culpados de tudo, mesmo do seu próprio falhanço.
      Não é isto, também, populismo? Tivesse o homem o carisma de um líder e estávamos bem aviados. Continuo a preferir os erros dos democratas, todos eles “pecados originais” da condição humana, e suspeito que o Fernando estará de acordo com isto, pelo menos na parte final.

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