Alho no bicho!

 

Uma terapêutica fácil e barata...

 

 

 

As farmacêuticas mais famosas têm andado numa roda-viva, na disputa de qual delas ficará na história como tendo descoberto a vacina que mais garantias oferece para combater o tal do “corona”; e quando uma delas se atreve a garantir que o seu produto tem uma eficácia de 90%, logo outra afirma que o seu é melhor, pois só “morrerão” oito pessoas em cada 100, mas uma terceira não se fica nas encolhas e apregoa que garante 95% de eficácia, só “batendo as botas” cinco almas por cada 100 inoculadas.

 

 

Há muitos anos, na sequência da leitura de um livreco que cantava as virtudes terapêuticas do alho, sendo uma delas a prevenção contra gripes e constipações, passei a ser um consumidor diário de alho crú, sobretudo no inverno, coisa que até aí só triturava em pratos de bacalhau; a coisa não foi fácil, no início, porque me aventurei a mastigar um “dente” dele a “sangue frio”, sem outra coisa para atenuar o ardor, de que resultou ficar com a boca queimada; aprendida a lição, passei a cortá-lo em fatias fininhas e mastigá-lo juntamente com miolo de pão, e assim já marchava bem.

 

Fazia-o sempre à noite, com a última refeição do dia, convencido de que, no dia seguinte, depois de banho e boca escovada, não iria para a rua a cheirar a alho; “desinfectante poderoso”, como se dizia no livro, confirmei logo isso quando alguém entrava no meu carro, que não tardava a “informar-me”: ih, que fedor a alho! Eu, fazendo cara de espanto, dizia à pessoa que devia ser do seu nariz, pois ali não havia alhos; acontece que já não era só no carro, qualquer pessoa de quem me aproximasse me perguntava logo se estive a comer alho.

 

E depressa percebi que, embora eu próprio não o notasse, exsudava alho por todos os poros, o que me leva a pensar que, se uma das formas de combater o vírus que agora nos atrapalha é manter certa distância de segurança entre as pessoas, comam alho crú à vontade, que é um produto acessível, ao alcance de qualquer um e polivalente, já que previne muitas outras maleitas...

 

 

Amândio G. Martins