sábado, 21 de novembro de 2020

O Natal e as percentagens

 Corro o risco de trair o meu propósito de tentar não intervir nesta vozearia "covídica" em que os números e a sua interpretação enchem a praça pública, em posições assertivas, como se a sua falibilidade não traduzisse também o quão volátil  é sua base de sustentação.

Mas o Natal, meus senhores, o Natal baila "cá dentro" como um marco tão desejado, que me assusta pensar que não vou passá-lo no seio dos 14 que seremos ( seríamos?) na noite da ceia. Incluindo um filho, uma nora e dois netos que não vejo há um ano. E é isto que aqui me traz para desabafar o meu "baralhanço" de análise, depois de ver o "não bater certo" da percentagem assertivamente dita pelo primeiro-ministro (PM) e a anunciada depois da última reunião do Infarmed. Há uma ou duas semanas dizia o PM - atirando a responsabilidade para cima de nós - que a origem das novas infecções era, em 65% dos casos, intra-familiar. Após a referida reunião, soube-se que a tal origem era, em 80% dos casos.... desconhecida. Ou seja, talvez o que o PM tenha querido dizer era que a origem familiar provinha em 65%.... dos 20% cuja origem é conhecida. Se eu tiver razão.... cuidado com a informação que veicula, senhor PM!

Voltando ao Natal, alguns jornais de hoje dizem que o Presidente da República (PR), na sua comunicação de ontem (20/11), "anunciou que haveria estado emergência no Natal". Percebo a "inferência" jornalistíca mas, se estive atento,.... não ouvi a a palavra Natal durante todo discurso do PR. Conveniência minha que "não quis ouvir"? Admito, mas a verdade é que ele não a disse e isso traz-me um "cisquinho"de... esperança.

 Ah, mas arranjem percentagens correctas para sustentar as decisões que possam vir a tomar, por favor senhores governantes!

Fernando Cardoso Rodrigues


1 comentário:

  1. É isso. Compreende-se o desnorte, mas as disparidades nos números são perigosas para a credibilidade e consequente aderência à aceitação da justeza das decisões. Como é que, existindo um estudo que mostra que apenas 2% dos contágios acontecem, comprovadamente, nos restaurantes, se limita tão drasticamente o seu funcionamento?

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