Pontos de encontro e amena cavaqueira...
...Os cafés sempre exerceram uma importante função na sociedade, bem para lá de mera casa de negócio; com todo o tipo de restrições a que pandemia vem obrigando, mesmo que em alguns lugares ainda possam abrir, nunca mais nada foi como antes, e as pessoas passam por eles como “cão por vinha vindimada” e deambulam pelas ruas, tristes, mais parecendo almas penadas que, por causa do acessório apenso à “fachada”, nem cumprimentam velhos conhecidos que com elas se cruzam na mesma situação, por nem se reconhecerem.
Na minha relação com cafés e restaurantes, nunca fui de querer experimentar as “capelas” todas, preferindo criar num só lugar uma relação de confiança, daquelas em que a pessoa entra – ia dizer “chega”, mas lembrei-me daquela “coisa” que pretende assombrar as nossas vidas – alapa-se e logo vem para a mesa o “costume”, sem que seja necessário pedir, sendo preciso ir directo ao balcão quando, por qualquer razão, se pretende mesmo coisa diferente.
Nunca fui de ter garrafa guardada, porque não sou de bebida, nem mesa reservada, a não ser em casos excepcionais, de que dava conhecimento com antecedência; todavia, no café que havia mais de vinte anos frequentava, e que agora desapareceu para demolirem o prédio, por já não oferecer segurança, ocupava invariavelmente a mesma mesa, porque ficava junto a uma vidraça e me dava jeito para ler o jornal, de tal forma que raramente alguém da clientela habitual lá se sentava, se chegassem antes de mim, seguros de que não tardaria.
Mas um dia que me atrasei numa caminha mais demorada, por ir acompanhado e a conversa ser interessante, quando cheguei ao café já lá estava um velho conhecido daquela tertúlia, que pela mesma razão gostava daquele canto e para lá se mudava quando me despedia para saír; o senhor levantou-se de imediato, desculpando-se por ter ocupado a “minha” mesa, levando-me a “obrigá-lo” a deixar-se estar; como ele insistia em deixar o lugar para mim, virei-me para o dono do café e perguntei: “Senhor António, acha que eu já tive tempo de pagar esta mesa”, e tudo terminou à gargalhada bem disposta.
Mas “comoveu-me” a comoção do dono de um café de Bilbao que, por força do confinamento, foi obrigado a fechar o mês de novembro inteiro, que mostrava na TV “La Sexta”um evelope anónimo que lhe chegou com trinta euros, apenas com a informação de que se tratava de uma cliente diária, que assim lhe pagava os cafés do mês que ele estava impedido de lhe poder servir...
Amândio G. Martins
Sombrios... de tristeza. Até o PÚBLICO, agora mais barato pela assinatura, me sabe pior...
ResponderEliminarO que ainda vai dando um certo alento é a vitória do "Zé" Binden, sobretudo por ter a Kamala ao lado...
ResponderEliminarBiden, queria dizer...
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