segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Demagogia da pior

 

“Lo vamos a pagar”...

 

 

De uma forma ou outra poucos, daqueles medianamente informados, terão grandes dúvidas que aqueles valores que alguns brincalhões se gabam de ter impedido o Governo da canalizar para o famigerado “Novo Banco” irão mesmo lá dar entrada, sob pena de nos caírem em cima males maiores, como foi logo assinalado por uma das agências a quem não escapa nenhum pormenor que possa afectar a credibilidade do país como cumpridor das obrigações assumidas.

 

Num texto assertivo no JN, o jornalista Miguel Conde Coutinho fala assim do tema: “Viva Portugal, o país onde os deputados discutem contratos públicos como se não fossem para cumprir, onde o Governo assina contratos como se fossem papéis para guardar, e os partidos brincam com o futuro do país como se o futuro não fosse de todos nós.                                           (...)

O orçamento para 2021 previa mais uma transferência. O BE e o PSD, partidos com responsabilidade, por acção ou omissão, no caso Novo Banco, acharam bem que o Estado não cumpra a sua palavra. E, depois de tanta conversa, bravata e sabedoria, colocaram o contribuinte a correr o risco de ter de pagar ainda mais”.

 

 

Amândio G. Martins

3 comentários:

  1. Caro Amândio, estamos em desacordo. Pegando nas palavras do Miguel Conde Coutinho: "e os partidos brincam com o futuro do país como se o futuro não fosse de todos nós". Sem querer, ele falou verdade. De facto o futuro do país é cada vez menos de todos, e mais de alguns. Eles sabem muito bem que não há risco nenhum de o contribuinte vir a pagar ainda mais. As leis são cozinhadas à medida no Parlamento, pelos "funcionários" dos poderosos escritórios de advogados, deixando prepositadamente escapatórias para casos como este. São biliões (muitos) injetados na banca, que comprometem, isso sim. o futuro do país. Até quando?

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  2. Sem parecer querer defender quem quer que seja, BE, PSD ou outro partido qualquer, venho aqui para tentar conferir algum rigor ao que se anda a dizer sobre esta história que nasceu embrulhada em tacticismos dispensáveis.
    Comecemos pelas Agências de Rating, de que já conhecemos todas as estirpes, pelo que nada tenho a acrescentar. E ainda por cima, lhes pagamos para isso…
    Convém dizer que não foi no Orçamento que se previa a transferência em questão. Foi na Proposta para o Orçamento, o que é radicalmente diferente. No entanto, e em meu entender, o Governo andou muito mal em incluí-la lá, porque não havia nenhuma necessidade disso. Aliás, não esqueçamos que esta trapalhada começa logo por aparecer como verba destinada … à CP (pasme-se!), quando, na realidade, sabemos hoje que era para o Novo Banco (NB).
    Depois, julgo saber que a verba (não sejamos ingénuos, todos sabemos que vão ser mesmo aqueles 476 milhões - porque não podem ser mais…) só se tornará “exigível” após duas condicionantes: a primeira é a elaboração da famosa auditoria (mal ou bem) aprovada pelo Parlamento e que ainda não existe; a segunda é que o montante depende dos resultados do NB no exercício de 2020 que, naturalmente, ainda não são conhecidos, porque o ano ainda não findou. Aliás, só serão conhecidos largas semanas dentro de 2021.
    Conclusão (minha): se o Governo não se tivesse precipitado (para quê?) em incluir a malfadada verba na Proposta de Orçamento para 2021, toda esta tempestade não teria, pura e simplesmente, existido, porque o dinheirinho pagar-se-ia na mesma (como vai ser pago, não tenhamos ilusões), com um Orçamento Rectificativo, sem qualquer drama. Quanto às inconveniências de Orçamentos Rectificativos, tenho um amigo que diz que, pelo andar das coisas, no próximo ano, vamos ter um em cada mês que passar. Fora os exageros retóricos, não deve andar muito longe da verdade.
    Para terminar o ramalhete, deixem-me só dizer que o famigerado contrato é… secreto. Curioso!

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  3. O que eu quis dizer é que aquele "chumbo", sabendo os seus autores que iremos pagar, pelo menos, o que foi estipulado no tal contrato - isso de ser secreto está contemplado na tal história da "alma do negócio", para poder ser sujo sem causar engulhos, digo eu - não foi mais que poeira atirada aos olhos dos seus eleitores...

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