Quando a ocasião faz a “transgressão”
À minha frente uma montanha de lenha para cortar em pedaços pequenos, que cá em casa o aquecimento faz-se com lenha; a maquineta, velhinha de muitos cortes, já não dava conta daquele trabalho, com a corrente a saltar com frequência e a fumaça do motor incomodativa.
Pára ao pé de mim um furgão e o condutor aproveita para tornar aquela motosserra ainda pior do que já era, preparando terreno para me vender uma nova, que trazia ali umas quantas para eu poder escolher; sobe a porta traseira da viatura e surge-me diante dos olhos uma variedade delas, das quais me passou para a mão uma de marca sonante, mas que logo me pareceu contrafeita quando disse o preço por que ma venderia.
Pedi-lhe que experimentasse aquilo ali mesmo, que não faltava o que cortar, tendo ele posto como condição que eu a compraria se verificasse que trabalhava bem, pois não lhe convinha levá-la com sinais de já ter sido usada; pela forma como ajustou a máquina, fez a mistura do éleo necessário na gosolina e se dispôs a cortar o pedaço mais grosso que ali tinha, dava para ver que percebia muito daquilo, tendo-me convencido a ficar com ela, por bastante menos de metade do preço que me custaria no mercado normal, porque eu também argumentei com o risco que corria ao fazer-lhe uma tal compra.
Tranquilizou-me mostrando-me um dossier com guias do que ali levava, que nunca correria o risco de andar na estrada com um carro cheio de máquinas indocumentadas, sujeito a ser fiscalizado e perder tudo; deu-me referências de conterrâneos que já lhe tinham comprado máquinas diversas, que depois verifiquei ser verdade, mas que também ficaram com a mesma impressão que eu, que aquilo devia ser mesmo “candonga”, mas que não nos compete fazer trabalho de polícias, assim como não teríamos coragem de fazer queixa às autoridades se as máquinas não correspondessem ao prometido, até porque o homem nunca se escusa a reparar qualquer avaria, tão seguro da qualidade do que vende que ainda um dia destes passou por aqui para saber se estava satisfeito e tentar vender outras coisas, de que por ora não preciso...
Amândio G. Martins
Se calhar a vida é (também) isto...
ResponderEliminarA verdade é que a maquineta, pelo trabalho que já fez, se pagou a si própria; e, de qualquer forma, encontram-se nos supermercados de bricolage e até nos daquela cadeia alemã por cá estabelecida as mais variadas máquinas a baixo preço...
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