domingo, 1 de novembro de 2020

 

O ALENTEJO VOLTOU A CHORAR


Dedicado a Catarina Eufémia, assassinada a tiro pelo tenente Carrajola da GNR a mando do fascismo e dos latifundiários, há mais de 50 anos, o grande Zeca Afonso, em dois versos do seu poema “Cantar Alentejano”, diz assim:


Ceifeiras na manhã fria

Flores na campa lhe vão pôr

Ficou vermelha a campina

do sangue que então brotou




Aquela andorinha negra

Bate as asa p`ra voar

Ó Alentejo esquecido

Inda um dia

Hás-de cantar


Tinhas razão amigo. Cantou com o 25 de Abril e a Reforma Agrária, mas chorou quando acabaram com ela. E voltou a chorar com a patifaria que os mesmos que acabaram com ela, estão a permitir que agora lhe façam, com as culturas intensivas e superintensivas de milhares e milhares de hectares.

Estão a esgotar e a contaminar os seus solos com milhões de toneladas de pesticidas e fertilizantes, para terem as maiores produções e lucros possíveis. Estão a consumir a água quase toda do Alqueva e de outras albufeiras. Estão a destruir ecossistemas. Estão a alterar, a matar ,a sua fauna e flora. Não só com a apanha mecânica noturna da azeitona, dizimando os pássaros. As outras espécies, também desaparecem.

Portanto, o Alentejo chora. Estão a matá-lo.

Aqui fica mais este grito de alerta e de revolta

Francisco Ramalho





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