segunda-feira, 30 de novembro de 2020

O IDOSO NA PANDEMIA

GRAVURA BASEADA NA CHARGE DO JORGE BRAGA PUBLICADO NO JORNAL “O POPULAR”, HOJE (30/11/2020) — GOIÂNIA-GOIÁS- BRASIL


Inicialmente éramos risco, concordamos; pois o risco, apesar de ser uma das mais simples figuras geométricas, pelo menos era alguma coisa no universo, considerando que o grande francês René Descartes teria dado a entender que o mundo é a própria geometria materializada.

Mas veio o atual Presidente jogar água em nossa fervura, nos classificando de “bundões”; posteriormente, não satisfeito com esta classificação, nos taxou de “maricas”. Denominações oriundas, à nossa revelia, pelo simples estranho fato deste vírus gostar dos mais idosos. Estamos com isto, nos sentindo cada vez mais estuprados por este ser quase invisível.

Com toda esta sopa de denominações, estamos em dificuldades de nos enquadrar; prefiro acompanhar a ciência e me considerar risco, mesmo correndo o risco de quando entrar em uma piscina ser chamado de um simples risco n’água.

Resta aos idosos a esperança da vacina com aquele pensamento logico: se uma das suas fabricantes conseguiu produzir aquela “azulzinha” que chegou a ressuscitar “coisa morta”, teoricamente, por que não há de conseguir   combater coisa viva, mesmo tão minúscula?

Com atual pandemia ficou evidente como a sociedade sofreu tantas modificações nos últimos anos. Quando na juventude, ao fazer gracejos às jovens moçoilas, com a aquelas clássicas frases: “Seu pai te vende? ”; “Quem diz que boneca não anda! ”; “Estão sentindo falta de um anjo lá no céu, pode deixar eu não conto que você está por aqui” e muitas outras. A resposta vinha em forma de sorriso. Quando idoso, as mesmas frases ditas em tom de apenas elogios, vinham com aquela   conhecida resposta: “ Caia na real! Quem gosta de velho é reumatismo” e ainda correndo o risco de ser denunciando por assédio sexual. Atualmente esta palavra (reumatismo), vem sendo substituída para covid-19, na esteira da realidade trazida por esta pandemia

Concluindo, pelo menos nos resta um alento diante do atual cenário, o uso de máscara esconde um pouco a natural feiura que a ação corrosiva do tempo nos reservou.

Obs: Por me sentir enquadrado dentro da literalidade da palavra “risco”, em todos seus sentidos, a repeti exageradamente no texto de forma proposital.


Demagogia da pior

 

“Lo vamos a pagar”...

 

 

De uma forma ou outra poucos, daqueles medianamente informados, terão grandes dúvidas que aqueles valores que alguns brincalhões se gabam de ter impedido o Governo da canalizar para o famigerado “Novo Banco” irão mesmo lá dar entrada, sob pena de nos caírem em cima males maiores, como foi logo assinalado por uma das agências a quem não escapa nenhum pormenor que possa afectar a credibilidade do país como cumpridor das obrigações assumidas.

 

Num texto assertivo no JN, o jornalista Miguel Conde Coutinho fala assim do tema: “Viva Portugal, o país onde os deputados discutem contratos públicos como se não fossem para cumprir, onde o Governo assina contratos como se fossem papéis para guardar, e os partidos brincam com o futuro do país como se o futuro não fosse de todos nós.                                           (...)

O orçamento para 2021 previa mais uma transferência. O BE e o PSD, partidos com responsabilidade, por acção ou omissão, no caso Novo Banco, acharam bem que o Estado não cumpra a sua palavra. E, depois de tanta conversa, bravata e sabedoria, colocaram o contribuinte a correr o risco de ter de pagar ainda mais”.

 

 

Amândio G. Martins

domingo, 29 de novembro de 2020

nos 200 anos de ENGELS

Em 28 de Novembro de 1820, nasceu na Renânia prussiana (Alemanha), Friedrich ENGELS, que com Karl Marx fundou a visão materialista e dialéctica da história da humanidade, o marxismo e o socialismo científico. ENGELS morreu a 5 de Agosto de 1895, e em elogio fúnebre, Lenine diria: «Que chama de espírito se apagou! Que coração deixou de bater!». Embora nascesse na Alemanha, muito do seu estudo e análise resulta da sua vivência e experiência em Inglaterra, nomeadamente em Manchester, para onde foi em 1842, para uma fábrica de seu pai, que era industrial têxtil, como se pode verificar nos seus escritos sobre a «Situação da classe trabalhadora em Inglaterra», onde aborda entre várias questões, o modo de produção capitalista, o conjunto de princípios sobre a exploração e libertação da classe trabalhadora, a forma como a riqueza é produzida e distribuída. O trabalho conjunto de ENGELS com Marx permite analisar as características principais do capitalismo, mesmo na actualidade. Em 1847 ENGELS escreve «Os princípios básicos do comunismo», em que aborda as crises periódicas de sobreprodução do capitalismo e as suas consequências negativas na criação de desemprego e diminuição de salários. Este documento seria um contributo fundamental para a elaboração, em conjunto com Marx, do «Manifesto do Partido Comunista». Segundo ENGELS e Marx, o caminho para uma sociedade fraterna, de paz, com igualdade e justiça social, acabando com fome e miséria, conflitos e guerra, só se alcançará com a superação do capitalismo pelo socialismo. No passado dia 27 de Setembro, o PCP realizou uma conferência «Engels e a luta na actualidade pelo socialismo», na Voz do Operário, em Lisboa.

Consolos e desconsolos

 Todos no mesmo tema. Fiquei a saber que a proposta da Comissão Europeia (CE) de fazer depender os "financiamentos europeus" da existência do Estado de Direito nos países, ainda está a "marinar" no Conselho Europeu, mesmo que já tenha sido aprovada pelo  Parlamento Europeu, com 72%. Nesta percentagem de aprovação estavam todos os deputados portugueses, muito embora, posteriormente, o PCP tenha assumido a sua rejeição. Soube ainda que o governo português actual, no Conselho Europeu - que, pelos vistos tem actas "secretas" - "foi muito crítico em relação em relação à proposta da CE do condicionamento" (sic). Mais ainda, Ana Gomes, então deputada no PE, diz que nunca soube desta "ambivalência tíbia" ( a designação é minha) do nosso governo.

Para não ficar com a boca a saber a fel, deixo para o fim um consolo maior. No jornal vem uma "caixa" que nos informa que, numa sondagem encomendada pelo PE, 77% - um em cada quatro - dos cidadãos europeus, aprovam a proposta democrática da CE que faz depender o financiamento dos países do serem Estados de Direito. Que é como quem diz.... democráticos!

NOTA: todas as informações acima, recolhi-as do PÚBLICO de 29/11/2020, vindas de Paulo Pena/ Investigate Europe.

Fernando Cardoso Rodrigues



Tiros de pólvora seca

 

Quando o demasiado aborrece...

 

 

Quando a luta por um espaço no panorama político aquecia, nos anos que se seguiram à revolução, os “sá-carneiristas” mais divertidos – que não abundavam – contavam uma piada que envolvia Dolores Ibárruri e Álvaro Cunhal; “La Pasionária”, de maravilhada que teria ficado com o líder comunista português, tê-lo-ia lisonjeado desta forma: “Me encantas, Alvarito, que guapo! Cuantos años tienes"? Ao que Cunhal, no seu tom crispado e azedo, teria respondido: “Anhos não tenho nenhuns, mas anda para aí um “Carneiro” que me dá trabalho por um rebanho inteiro”.

 

Não sendo Sá-Carneiro, Rui Rio não motivará ninguém lá da sua agremiação a cantarem-lhe hinos, e a sua insistência em condenar os comunistas pela determinação em levar a bom termo o seu Congresso, como já havia barafustado com a festa do Avante, acaba por colocá-lo a ridículo, porque o que é demasiado acaba por cansar, e aos comunistas, que levaram avante a festa e agora o Congresso, é assim realçada a capacidade de organização e disciplina, demonstrando que podem perfeitamente realizar os seus eventos sem que daí decorra, em termos de saúde pública,  qualquer mal para a sociedade.

 

 

Amândio G. Martins

 

 

sábado, 28 de novembro de 2020

O XXI Congresso do PCP tem sido um bombo

 

Não é preciso ser afecto ao Partido Comunista Português
para repudiar (quase) por completo tudo o que se viu, ouviu
e escreveu contra o XXI Congresso do PCP. Foram os mesmos que criticaram as celebrações oficiais do 25 de Abril e da manifestação irrepreensível, em termos sanitários, do 1º de Maio, que se insurgiram contra aquele evento. A pandemia serviu como justificação... Mas, o estado de emergência não determina a proibição da actividade política. 
O partido protofascista Chega tem a sem vergonha de lançar farpas
contra o Congresso e, ao mesmo tempo, fez um conclave onde os
seus elementos estavam amontoados sem quaisquer protecções
sanitárias... repúdio é benevolência para classificar esta miserável
política populista e atentatória da saúde pública... Tão grave foi ter 
constatado que na comunicação social não se viu nem uma 
ínfima parte de reparos a estes, relativamente à realização do PCP... 
Porquê? Quem protege o Chega? A democracia faz-se com partidos. 
Este parcial confinamento inscrito no estado de emergência, não proíbe 
o direito à manifestação política. Os partidos políticos são o sal da democracia.

                                                          Vítor Colaço Santos 

Boas maneiras ao retardador

 

Prudência e caldo chinês...

 

 

Quase um mês depois de se ter realizado a eleição presidencial nos EE UU, o líder chinês dignou-se dar os parabéns ao vencedor, “careca” de saber quem ele era mas com medo de ferir o derrotado, não fosse ele, nos quase dois meses que ainda lhe restam de poder, acrescentar mais algumas  malfeitorias nas relações do dois países; e “Gipinguinhas” nem se importou com a companhia de Bolsonaros e quejandos na demora em proceder àquele gesto de boa educação e delicadeza diplomática.

 

Na mensagem enviada a Biden, segundo li no JN, o grande chefe chinês manifesta-lhe o desejo de os dois lados manterem o espírito de não-conflito, respeito mútuo  e cooperação, controlando as diferenças e promovendo o desenvolvimento saudável e estável; está bem visto, e uma coisa com que desde já poderá contar, penso eu, é que a nova administração não irá continuar a chamar “vírus chino” ao covid...

 

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

HABITAÇÃO VALLEY


O tema que escolhi hoje para o meu apontamento neste cantinho que me reservam, volta a ser sobre habitação no Município de Oeiras mas, como aqui nestas terras que se espraiam pelo nosso Tejo, até os caixotes do lixo são Valley não devo esquecer este conjunto de seis letras no titulo.

Há necessidade destas terras disporem de mais casas para aqueles que gostariam de vir morar para cá? Sim, é verdade que há necessidade de haver mais casas para uma classe de rendimentos médios que gostaria de se fixarem em terras de Oeiras. Porém dada a quantidade de condomínios de luxo, empenas recheadas de imóveis em escadinha, construções que invadem áreas que deviam estar protegidas, empreendimentos em zonas ribeirinhas ou com zonas comuns de lazer incluindo piscinas nos telhados, estão a atafulhar estas terras de Oeiras mais uma vez quero lembrar que não é assim que se resolve o problema de falta de habitação.

É preciso habitação para famílias em início de constituição a preços acessíveis, mas verdadeiramente a preços acessíveis, de acordo com os ordenados auferidos mesmo trabalhando nos parques empresariais de Oeiras tão badalados.

Os vários empresários da construção civil apostam em grandes projectos que às vezes ficam anos para serem todos vendidos e ocupados, e os vários técnicos camarários têm posto todo o seu saber a aprovar estas construções  que também lhes consolidará o seu nome. Mas porque não apostar em incentivar a construção de blocos com boa arquitectura mas projectos mas acessíveis e  na reabilitação em força de tanta habitação emparedada que se encontra por estas Vilas do território Oeirense?

Há já  municípios que encontraram regras para que o emparedado esteja a ser reabilitado e colocado no mercado a preços acessíveis e as vilas e aldeias estão a abrir-se a novos moradores reabilitando também o comércio local e até as pequenas indústrias dando mão de obra local, ajudando a que a vida de muitos portugueses se torne mais calma sem a lufa-lufa dos transportes e correrias para se cumprirem horários. Porque é que Oeiras não adere a este modo de estar e deixa de correr atrás de coisas “grandes” pois a felicidade de muitas das nossas gentes é  apenas ter possibilidade de ter um lar ao pé de familiares.

Mais uma vez aproveito este espaço para alinhavar apelos àquilo que eu – e felizmente muitas outras pessoas – gostávamos de ver o nosso Município de Oeiras pôr de pé: vamos encontrar e oficializar regras que dentro de dois ou três anos todo o nosso emparedado esteja ao serviço da população de médios recursos e a acelerar projectos de imóveis de médio custo abrindo as portas do nosso Município a tantos portugueses que gostariam de viver em Oeiras.


Maria Clotilde Moreira


Jornal Costa do Sol - 25.11.2020

Vacinas

 1- Vacina anti-gripe

Ouvi e li bem ou "ensandeci"? Na passada semana a ministra da Saúde, na televisão, acusada de ter vendido "gato por lebre" ao anunciar vacinas para todos, para logo se "constatar" que afinal não era verdade, deu aval à acusação dizendo que não estava à espera de tanta procura. Ontem, em entrevista ao PÚBLICO, diz que...."há ainda mais de meio milhão de vacinas para administrar" (sic). Percebe-se? Junto duas histórias que "apimentam" ainda mais esta desorganização. A primeira é uma "carta ao director", ontem, em que o sr. João Sousa diz que que ele e a esposa foram atendidos e vacinados no Centro de Saúde de Alvalade, tudo em 15 minutos. A segunda passou-se com a minha mulher que tendo ido a uma consulta médica no Centro de Saúde de Ramalde, foi interpelada pela enfermeira dizendo-lhe que verificou que não estava no registo dos vacinados ( tomou a vacina na farmácia) e perguntando se queria fazê-la logo ali. Que diabo de logística anárquica é esta? Há ou não há?

2-Vacina anti-covid 19

Li hoje, em primeira página, no PÚBLICO, que "maiores de 75 anos não terão acesso prioritário à vacina para a covid-19" (sic). Razão? "Porque não há evidência suficiente sobre a eficácia da vacina neste grupo etário" (sic). Desculpa "esfarrapada" ou mentira pura? Juraria que, na semana passada, li notícia que um dos laboratórios de produção se tinha precisamente debruçado, nos testes, sobre essa gente velha e nada referiram sobre uma eventual ineficácia. Pronto.... fiquei agora a saber que vou ser "despachado" administrativamente mesmo antes de não ter vaga num ventilador... Maldita sina!

Fernando Cardoso Rodrigues

Irracionalidade

 

Haja quem possa compreender...

 

 

Dizem que o homem foi dos melhores de sempre na arte de jogar a bola, tão bom que, diria eu, aquele seu compatriota que se desenvolveu em Barcelona, que muitos também dizem ser grande na mesma arte, comparado consigo “es una broma”; todavia, fora dos campos de futebol, o agora defunto não servia de exemplo de vida para ninguém, tantos e tão tristes foram os episódios que protagonizou, ao ponto de se autodestruír, quando ainda teria  muito para dar e receber.

 

As imagens que nos chegam, sobretudo da Argentina, não são bonitas de se ver, mesmo considerando-as como simples manifestações de gratidão ao ídolo que amavam, porque o que verdadeiramente revelam, a meu ver, são massas humanas completamente alienadas da vida real, gente, grande parte dela, a quem faltará tudo, escancarando ainda mais a desproporcionalidade das suas manifestações de dor por quem por elas nada fez de verdadeiramente importante, porque também não era sua função...

 

 

Amândio G. Martins

Ainda o 25 de Novembro


Agora que já passou, confesso que não comemorei o 25 de Novembro, não porque, segundo Ramalho Eanes, citado no artigo de Irene Flunser Pimentel no PÚBLICO de 25/11, “os momentos fracturantes não se comemoram”, mas por outros motivos que tentarei resumir.

Nunca partilhei do receio que invadiu muitos de que se estaria a preparar a instauração de um regime comunista/totalitário em Portugal. O próprio PCP, nesse mesmo dia, confirmou ao Presidente Costa Gomes “que não mobilizaria os seus militantes para qualquer acção de rua”, e alguém, em juízo perfeito, acreditaria ser possível instalar-se, naquele ano, uma Cuba na Europa? Tenho sido repetidamente ingénuo ao longo da vida, mas não tanto assim. Melo Antunes rapidamente deu conta do seu avisado pensamento. O “perigo” útil, glosado, ainda hoje, até às entranhas, foi, na realidade, muito bem “fabricado”, e encontrou terra fácil para germinar. 

Sabemos, entretanto, que, coincidentemente ou não (e verdade se diga que não só em Portugal), desde aí, a repartição dos rendimentos entre o Trabalho e o Capital tem vindo a revelar crescentes desequilíbrios em favor do segundo. Alguma defesa de direitos das pessoas que, como eu, descendem, foram, e pertencem à classe trabalhadora, vem daqueles que, há 45 anos, segundo se diz, nos queriam comer as criancinhas e matar os velhos. 

É sempre bom lembrar o Gulag, mas sem que se esqueça Auschwitz, o Tarrafal, os campos de reeducação chineses e os de concentração americanos para os “japs”. Ai esta natureza humana...


Público - 29.11.2020

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Curiosidades

 

Das voltas da vida...

 

 

Quando me mudei de Lisboa para Santo Tirso, em 1971, tínhamos uma bebé com um ano e poucos meses, que já tinha passado por uma situação complicada, com internamento no D. Estefânia, onde pontificava o famoso pediatra Gentil Martins; embora estivesse a recuperar muito bem, o Dr. Gentil recomendava-nos que não podíamos descuidar-nos, pois não era o que se costuma chamar uma criança robusta; e, de facto, nunca o foi até hoje, com cinquenta anos, pois continua a precisar tratar-se a vários problemas.

 

Nunca esquecendo as recomendações do pediatra de Lisboa, a primeira preocupação, quando nos instalamos, foi procurar saber como era ali a assistência médica, também para nós, quando fosse precisa; não havia, como hoje, os Centros de Saúde que o SNS proporciona por todo o país, mas havia em Santo Tirso o que a população chamava o “posto médico da caixa”, a funcionar num pequeno mas asseado edifício, onde trabalhava um médico “preto” que tinha muito jeito para as crianças - tranquilizavam-nos os vizinhos.

 

E assim conhecemos o Dr. Aparício, realmente uma simpatia de pessoa, que não só passou a ser o pediatra da menina que já tínhamos, como também do rapaz que veio logo de seguida -  até porque, naquela altura, nem havia outro naquele serviço - que os acompanhou a ambos até deixarem de ser crianças.

 

Um dia destes, numa das frequentes visitas que agora nos fazem, porque querem que o seu rapaz cresça conhecendo a família completa a que pertence, o meu filho, falando de pediatras, perguntou-me se ainda me lembrava do Dr. Aparício, e como não havia de me lembrar, respondí-lhe, se durante uns bons anos o visitávamos para que eles crescessem direito; pois fica sabendo – disse-me ele – que “descobrimos” um Dr. Aparício, filho, que é exactamente a carinha do pai, é também pediatra e trabalha no hospital privado Lusíadas, no Porto; mais soubemos que o pai ainda dá consultas no seu consultório privado, em Santo Tirso; quase cinquenta anos depois de o termos conhecido, saber que está bem e ainda trabalha foi uma boa notícia, que não posso deixar de saudar e desejar  ao venerando senhor que assim possa continuar por muito tempo...

 

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O mesmo dia, duas datas

 O dia 25 de Novembro merece ser lembrado por duas razões válidas. Uma por ser o Dia Internacional pela Luta contra a Violência sobre as Mulheres. Outra porque nele se evitou a adulteração do pós 25 de Abril em que se tentou a instalação dum regime comunista. Nem tudo são rosas, para as mulheres, nem para o regime democrático que se instalou, mas prefiro comemorar os dois 25 pela nobre intenção que os motivou.  A democracia venceu e as mulheres maltratadas irão sê-lo cada vez menos pois a liberdade instalada permitirá que se saiba e se tomem medidas.

Fernando Cardoso Rodrigues

O 25 de Novembro foi o contrário do 25 de Abril

 Os promotores do golpe em 25 de Novembro 

de 1975, fizeram-nos crer que foi a reposição do 
25 de Abril. Nada mais falso! Aquela data é a 
única da fundação do regime actual. Caso estes 
desgovernantes, mais o CDS e PSD, fossem 
capazes de dar a cara festejariam o golpe
contrarrevolucionário do 25 de Novembro! 
Era inevitável que as esperanças fundadas em
Abril de 1974 viessem desaguar neste pântano 
que se vive hoje? Como a desigualdade até à
indigência social, a precariedade laboral com
leis ainda troikistas a favor do patronato, a 
saúde e educação públicas deficitárias, a corrupção, 
a Cultura em agonia e por aí fora. Aqueles adornam-se, 
quando lhes convém, com as flores de Abril, mas 
sempre cercearam todos os valores mais queridos 
desta data que tenham que ver com a emancipação do 
movimento popular... As cínicas promessas novembristas 
dum futuro radioso servidas por profissionais da demagogia
desaguam, ainda hoje, numa sociedade iníqua onde o
futuro para os ditos de baixo cada vez é mais sombrio...
No 25 de Abril de 1974 o Povo saiu à rua, em 25 de
Novembro de 1975 reinou o silêncio sepulcral. Somos
a maioria e as transformações sociais estão ao nosso alcance...

                           Vítor Colaço Santos 

ÉPOCA EM QUE O CINEMA CONTINHA ARTE E CULTURA—O FILME GABRIELA E SUAS TRILHAS MUSICAIS


         Duas das trilhas sonoras que marcaram época no cinema brasileiro: “Modinha para Gabriela”, composição de Dorival Caymmi na voz da cantora Gal Costa e “Menina Alegre” do poema de Jorge Amado, musicado por Dori Caymmi, na voz melodiosa do cantor Djavan.

Este filme de 1987, foi rodado na cidade de Paraty, estado do Rio de Janeiro, pela sua semelhança com a cidade baiana de Ilhéus, palco dos acontecimentos no romance do mesmo nome em que o filme foi baseado, do escritor Jorge Amado.

Teve como atriz principal Sônia Braga (a mesma da novela da Globo de 1958). Para o papel de “Seu” Nacif, foi escolhido um ator italiano de expressão internacional, Marcello Mastroianni.

Esta película se caracterizou pela limitação de idade para assisti-la, devido às cenas consideradas muito ousadas, até para época atual.

Credibilidade

 

“Making America credible again”...

 

 

Aquela aberração humana e política que a democracia teve artes de colocar a presidente dos EE UU, mas também lhe soube dar agora a resposta que a sua inqualificável acção merecia, acaba de se render e “autorizar” a transição de poder para o sucessor, segundo ouvi ontem numa TV espanhola; todavia, igual a si próprio, não só não o faz com a grandeza que a história mostra dos antecessores, como ainda comenta como 100% certa uma “sondagem” dessa máquina de ignomínia  chamada “BreitBartnews”, coisa parida por um génio do mal de apelido Bannon, que apregoa haver 79%  da falange “trumposa” crente de que as eleições foram manipuladas a favor do vencedor, seguros agora de que falhou rotundamente a tentativa de manipulação que eles próprios puseram em marcha.

 

Tendo saído vitorioso sem esperar, há quatro anos, já nessa altura tinha preparado um  discurso em que não reconheceria a derrota, porque mesmo perdendo a presidência, a sua marca pessoal ficava mais forte do que nunca, e só não ganhara a eleição por ter sido roubado; agora que foi mesmo derrotado, convencido que venceria, não deixa de exibir a sua raiva em tudo quanto diz e faz, cabendo ao vencedor a gigantesca tarefa de fazer a América credível de novo ...

 

 

Amândio G. Martins


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Hoje na RTP2

 Hoje (24/Novembro) na idónea RTP2, pelas 23:35 horas, passa o documentário "Gulag, The Story" realizado por Patrick Rotman. Penso ser o primeiro episódio dum conjunto de três. Como nunca faz mal saber mais, lá estarei a ver.

Fernando Cardoso Rodrigues

Venham eles, obedientes

 

Como qualquer outro aparelho...

 

 

Vi numa televisão que uma investigaçao nos USA concluíu que os robôs podem perfeitamente passar a ser os acompanhantes das pessoas idosas e parece-me uma excelente ideia, tanta coisa já fazem essas máquinas que, ajustadas à exigente função de ajudar os velhos nos cuidados diários, seria um alívio até para os próprios, que deixariam de estar sujeitos aos maus humores de gente que só trabalha com eles porque precisa do dinheiro, que não só não mostram a mínima compaixão como ainda os agridem; vi um dia destes, passada numa residência para idosos da Catalunha, uma chocante cena que, dizia quem comentava o vídeo na TV, está longe de ser caso único naquelas casas de acolhimento onde, só em Espanha, morreram mais de vinte mil com a primeira "ola" da pandemia: uma senhora, caída no chão, estendia a mão para que a empregada ajudasse a levantar-se, mas o coirão divertia-se, dando-lhe a mão e deixando-a caír sucessivamente, no meio de gargalhadas alarves.

 

E como os robôs estão cada vez mais aperfeiçoados, o cliente poderá escolher por catálogo, macho ou fêmea; eu escolheria um do tipo daquela “Simone” de que Al Pacino se “aproveitou” -  oferecida por um génio da informática moribundo,   para substituír uma “estrela” insuportável -  tão perfeita que deixava os concorrentes da “sétima arte” intrigados, tudo fazendo para descobrir como e onde ele a tinha desencantado, e usando todo o tipo de manobras para chegar à fala com "ela"...

 

 

Amândio G. Martins

 

 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Estou de Volta Pro Aconchego



O sotaque nordestino autêntico, sem retoques, desta mulher encantadora, com a sua voz quente e sensual, lembra um entrelaçar de corpos com um final longo e persistente... como que a saborear uma Reserva Especial do Chefe. Pura sedução.

É uma das mais belas canções que o Brasil já produziu. Foi tema da telenovela Roque Santeiro.

José Valdigem


 

Público Segunda-feira, 23 de Novembro de 2020 (A. Küttner)

 

Medo do momento

Estamos a viver um momento terrível e que vai ficar pior e pior a cada minuto que passa.

 Além da covid-19 que não nos larga e a desorientação total de todos a lidar com o novo coronavírus, há um aproveitamento maléfico por uns “arrivistas” do momento.

 E todos querem aparecer nas televisões e de preferência no horário nobre, já não necessariamente com a estante de livros, nunca lidos como fundo, mas só e unicamente a autopromoverem-se.

Todos supostamente sabem muito sobre a covid-19.

Todos sabem muito sobre tudo.

E há uma extrema-direita que fascinantemente está na crista da onda a aproveitar-se do momento e a baralhar tudo ainda mais, para ganhar espaço.

Está a ter palco, está a cativar descontentes, está a arrastar os ávidos de poder, e... está a conseguir.

 Augusto Küttner de Magalhães, Porto

De revirar o estômago

 

Duplamente difícil de engolir...

 

 

A cena não teve lugar num qualquer restaurante chinês onde, dizem, porque nunca entrei em nenhum, se servem as mais estranhas “iguarias”, mas num hospital da Austrália; quando um seu funcionário se preparava para comer uma sanduíche servida pela cafetaria do hospital, estranhando o sabor da coisa, decidiu abrir o pão para verificar o conteúdo, e teve a repugnante surpresa de se deparar com um rato inteiro, onde apenas faltava o bocado que já tinha trincado.

 

Embora se oiça com frequência dizer que, quando comemos fora de casa, nunca podemos afirmar, com segurança, se comemos cabrito ou cão, coelho ou gato, esta estória, contada na Notícias Magazine, aparece-me muito mal pintada, tanto mais que o rato até se vê, na foto que ilustra a notícia, com o rabo bem comprido a saír do pão; e a resposta de um responsável do hospital, de que levariam o incidente muito a sério, mas que a empresa fornecedora das refeições cumpria todas as normas alimentares e de higiene é do mesmo tom daquelas que costumam dar as empresas que fornecem as cantinas das nossas escolas, de que frequentemente se queixam os pais das crianças, tão estranhas são muitas das refeições apresentadas  aos estudantes...

 

 

Amândio G. Martins

domingo, 22 de novembro de 2020

Viva a táctica


1 - Rui Rio quer poder. É legítimo. Para isso, apoia-se em gente irrespeitável. É ilegítimo.

2 - Rui Rio não é jurista. Mas é preciso sê-lo para interpretar devidamente a claríssima alínea e) do nº 2 do artº 2º da Lei nº 44/86, de 30 de Setembro? 

3 - Rui Rio não é, definitivamente, um estratega. Quando muito, “desenrasca-se” no tacticismo imediato.

4 - O problema não é só do PSD. É do País.


Nos 500 anos dos CTT impõe-se a sua renacionalização

Foi o rei D. Manuel que oficializou um serviço geral de transporte de correspondência, e que a 6 de Novembro de 1520 por decreto-régio criou o ofício de correio-mor e nomeou para o cargo o cavaleiro Luís Homem, que desde 1512 assegurava a entrega do correio real em Portugal e em outras localidades da Europa. Os correios sempre pertenceram ao Estado. Em 1969, são transformados em empresa pública com a denominação de CTT – Correios e Telecomunicações de Portugal, E.P. Em 1992, são transformados em sociedade anónima, já na perspectiva da sua futura privatização. Os CTT foram privatizados em 2013-2014 pelo governo de Passos Coelho/Paulo Portas. Desde a sua privatização existe uma acentuada degradação dos serviços postais e a sua subordinação aos interesses da actividade financeira. Os efeitos da privatização dos correios confirma as consequências nefastas da entrega ao grande capital de empresas e sectores estratégicos, desmentindo os arautos, defensores e executores da política de direita (PS, PSD, CDS), que propagandearam benefícios, para enganar, quando o que se verifica são prejuízos e desvantagens para o País e população. No dia 6 de Novembro, na comemoração dos 500 anos da criação do serviço público postal em Portugal, os trabalhadores dos CTT concentrados em Lisboa, em frente à sede da Anacom (autoridade reguladora das comunicações postais) e junto ao Ministério das Infra-Estruturas e Habitação, reclamaram a renacionalização da empresa. No final de 2020 termina o contrato de concessão do serviço postal universal. No final de Novembro e início de Dezembro os trabalhadores dos CTT vão desenvolver uma luta por aumentos salariais, na defesa dos seus direitos, pela admissão de trabalhadores para prestar o serviço de qualidade a que o País estava habituado antes da privatização e defender os CTT de quem os quer utilizar para outros fins.

António Nobre

 

Viagens na minha terra

 

 

Às vezes, passo horas inteiras

Olhos fitos nestas braseiras,

Sonhando o tempo que lá vai;

E jornadeio em fantasia

Essas jornadas que eu fazia

Ao velho Douro, mais meu Pai.

 

Que pitoresca era a jornada!

Logo, ao subir da madrugada,

Prontos os dois para partir:

Adeus! Adeus! É curta a ausência,

Adeus! – rodava a diligência

Com campainhas a tinir!

 

E, dia e noite, aurora a aurora,

Por essa doida terra fora,

Cheia de Cor, de Luz, de Som,

Habituado à minha alcova

Em tudo eu via coisa nova,

Que bom era, meu Deus! que Bom!

 

Moinhos ao vento! Eiras! Solares!

Antepassados! Rios! Luares!

Tudo isso eu guardo, aqui ficou

A paisagem etérea e doce,

Depois do ventre que me trouxe,

A ti devo eu tudo que sou!

(...)

Ao sol, fulgura o oiro dos milhos!

Os lavradores mailos filhos

A terra estrumam, e depois

Os bois atrelam ao arado

E ouve-se além no descampado

Num ímpeto aos berros: - Eh! bois!

(...)

Que pena que faz ver os que ficam!

Pobres, humildes, não implicam,

Tiram com respeito o chapéu:

Outros, passando a nosso lado

Diziam: “Deus seja louvado!”

“Louvado seja”! dizia eu.

 

 

Transcrito por Amândio G. Martins

sábado, 21 de novembro de 2020

Se dúvidas houvessem, esclareceram-se

 

O bastonário da ordem dos médicos 
tem vindo sucessivamente a atacar
o SNS, nem sempre pelas melhores 
razões. Na política, as percepções indicam-nos 
que o que parece - é. Assim, as suas posições 
e as do PSD sobre a saúde pública são bastas 
vezes um eco recíproco. Com nuances de
diferença de vocabulário. Este partido nunca
teve um reparo/crítica para com a medicina privada,
(pudera!, é o seu representante), bem mal, como
o bastonário que sempre se coibiu em denunciar
o comportamento altamente mercantilista daquela
medicina... atiramos um foguete quando criticar esta
gente. Se dúvidas houvessem, quanto às reais
intenções daquele, esclareceram-se; o bastonário  
será um dos escolhidos para concorrer pelo PSD à 
liderança da Câmara Municipal do Porto! Sem perder 
a esperança de ser, num governo PSD (cruzes canhoto!) 
o seu ministro da Saúde. É um casamento perfeito...

Vítor Colaço Santos