GRAVURA BASEADA NA CHARGE DO JORGE
BRAGA PUBLICADO NO JORNAL “O POPULAR”, HOJE (30/11/2020) — GOIÂNIA-GOIÁS-
BRASIL
Inicialmente éramos risco, concordamos; pois o
risco, apesar de ser uma das mais simples figuras geométricas, pelo menos era
alguma coisa no universo, considerando que o grande francês René Descartes teria dado a
entender que o mundo é a própria geometria materializada.
Mas veio o atual Presidente jogar água em
nossa fervura, nos classificando de “bundões”; posteriormente, não satisfeito
com esta classificação, nos taxou de “maricas”. Denominações oriundas, à nossa
revelia, pelo simples estranho fato deste vírus gostar dos mais idosos. Estamos
com isto, nos sentindo cada vez mais estuprados por este ser quase invisível.
Com toda esta sopa de denominações, estamos em
dificuldades de nos enquadrar; prefiro acompanhar a ciência e me considerar
risco, mesmo correndo o risco de quando entrar em uma piscina ser chamado de um
simples risco n’água.
Resta aos idosos a esperança da vacina com
aquele pensamento logico: se uma das suas fabricantes conseguiu produzir aquela
“azulzinha” que chegou a ressuscitar “coisa morta”, teoricamente, por que não
há de conseguir combater coisa viva,
mesmo tão minúscula?
Com atual pandemia ficou evidente como a
sociedade sofreu tantas modificações nos últimos anos. Quando na juventude, ao
fazer gracejos às jovens moçoilas, com a aquelas clássicas frases: “Seu pai te vende?
”; “Quem diz que boneca não anda! ”; “Estão sentindo falta de um anjo lá no céu, pode deixar eu não conto
que você está por aqui” e muitas outras. A resposta vinha em forma de sorriso. Quando
idoso, as mesmas frases ditas em tom de apenas elogios, vinham com aquela conhecida resposta: “ Caia na real! Quem gosta
de velho é reumatismo” e ainda correndo o risco de ser denunciando por assédio
sexual. Atualmente esta palavra (reumatismo), vem sendo substituída para
covid-19, na esteira da realidade trazida por esta pandemia
Concluindo,
pelo menos nos resta um alento diante do atual cenário, o uso de máscara
esconde um pouco a natural feiura que a ação corrosiva do tempo nos reservou.
Obs: Por me
sentir enquadrado dentro da literalidade da palavra “risco”, em todos seus
sentidos, a repeti exageradamente no texto de forma proposital.