domingo, 5 de abril de 2015

Os vícios dos c.t.t.

A origem dos c.t.t. remonta ao ano de 1520, quando o rei D. Manuel I criou o primeiro serviço público de correio em Portugal.
Em 1911 passa a denominar-se administração geral dos correios, telégrafos e telefones, adotando a sigla c.t.t.
Em 1969 os c.t.t. são transformados em empresa pública com a designação de c.t.t. correios e telecomunicações de Portugal e.p.
A partir de 1974 á semelhança das outras empresas públicas nota-se deterioração no serviço prestado à população.
Inúmeros casos de violação e desaparecimento de cartas e encomendas, entregas erradas ao domicílio, atrasos nas entregas, falta frequente de dinheiro nas lojas para pagamento dos vales de reforma aos pensionistas, prepotência de vários funcionários das lojas em relação aos clientes assim como os que conduzem as viaturas da empresa, etc.
Ao longo dos anos são bastantes os lesados por negligência dos serviços prestados por esta empresa, na maioria dos casos reclamar não surte efeito, restando como opção desistir ou recorrer ao tribunal.
A partir da década de oitenta com a implementação progressiva das novas tecnologias de comunicação, a diminuição contínua do envio de cartas, o aumento exponencial de aposentados que optam pela transferência bancaria das suas reformas, o aparecimento de outras empresas de transporte de encomendas, o contínuo desleixo dos serviços prestados, diminuem substancialmente o valor social e estratégico dos c.t.t.
O estado protegeu sistematicamente esta empresa, não permitindo a criação de outras empresas similares, adulterando assim a livre concorrência e distorcendo as regras da economia de mercado, dando a comercialização de produtos financeiros da republica portuguesa e o pagamento dos vales de reforma aos aposentados nas lojas dos c.t.t., estes serviços podem ser feitos nas lojas da caixa geral de depósitos que possuem uma quantidade significativa de lojas em todo o país. Sendo a caixa geral de depósitos propriedade do estado e os c.t.t. atualmente privado, o estado só tem a ganhar, pois evita o pagamento destes serviços.
Depois de uma reestruturação efetuada nos c.t.t. para os redimensionar com a atual necessidade do mercado, tornando-os rentáveis e apelativos no mercado financeiro, finalmente o estado retira a sua tutela, vendendo os c.t.t. correios de Portugal, aliviando o erário público de mais um encargo.
Espero que com uma seleção rigorosa dos seus funcionários, racionalização dos meios humanos e técnicos, controlo sistemático do setor financeiro, diversificação de vendas de produtos e serviços, aumento da qualidade dos serviços prestados, entre outros fatores, os c.t.t. possam singrar numa economia progressivamente mais aguerrida e concorrencial.
Boa sorte c.t.t. correios de Portugal s.a.

                                                                             Com amizade.

                                                                                 Araujo.

3 comentários:

  1. Caro José Araújo,
    A ditadura dos mercados que nos vêm impingindo como inevitável e natural ao longo dos últimos anos explica que muitos de nós acabem por acatar, com demasiada credulidade, verdades que passaram a sê-lo… mas não o eram, e ainda bem que não o eram. Por isso, deixe-me dar as seguintes notas de discordância com o seu post:
    1. Quando fala da reestruturação nos CTT para os redimensionar com a actual necessidade do mercado, parece-me haver uma falha de perspectiva. É que, no meu entender, a necessidade a que é preciso atender não é a do mercado mas a das populações de uma qualquer “Freixo de Espada a Tiracolo”, perdida e abandonada nesse interior que é táo português como o litoral.
    2. Também diz que, assim, se aliviou o erário público de mais um encargo. Desculpe-me, mas, também aí, me parece enganado: os CTT revertiam para o Estado com os lucros (sim, lucros, não prejuízos!) que auferiam. Agora, fazem-no para os capitalistas seus proprietários.
    3. Que a economia venha a tornar-se progressivamente mais aguerrida e concorrencial é coisa que não me aquece nem arrrefece. Esse é um problema dos accionistas dos CTT e outras, coisa que eu não sou. Quero é que TODOS os portugueses beneficiem do serviço público que uma empresa como os CTT, fundada em 1520, conforme refere, deveria ter como missão. Não consta que, à data da sua fundação, a missão que lhe foi conferida por D. Manuel I fosse a de ganhar dinheiro para os mercados.
    Um abraço atento.

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  2. Prezo a resposta de José Rodrigues ao post de José Araújo.
    Certeira quanto às questões essenciais: a falsa questão de os CTT serem uma empresa que dá prejuízo; os serviços que deveriam ser garantidos pelos CTT às populações isoladas, e com muita probabilidade deixarão de sê-lo. Isso importa?
    Deixo apenas três questões:
    Importa que estejamos a vender o país aos bocados?
    O “novo Deus” é o mercado?
    A que condição querem reduzir o ser humano, quando as acções se submetem às leis deste mercado?

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  3. O lucro dos c.t.t.é insignificante comparado com os gastos pela simples razão de que o estado é mau gestor.
    As iniciativas empresariais e a economia em geral devem estar entregues aos privados, faz parte da essência da democracia a livre iniciativa.
    O controlo absoluto da economia por parte do estado é típico dos regimes ditatoriais.
    Preconceitos ideológicos ou limitações mentais não fazem parte de uma mente sã.

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