quinta-feira, 28 de abril de 2016

MERCENÁRIOS

                                                                            O BARRADAS

Quando dizer mal dos lutadores da liberdade, passada a curta “lua de mel” do 25 de Abril, começou a dar lucro, não faltou gentinha sem honra nem dignidade disposta a esse desgraçado papel, a troco de qualquer coisa.
Um desses cavaleiros de triste figura era o Barradas, que vendia as suas patacoadas através dum jornal do Porto, e gozava dos favores de cada vez maior clientela. De facto, qualquer que fosse a direcção que tomasse, no início do meu dia de trabalho, era raro a primeira conversa não ser à volta do sujeito, com a pergunta se já tinha lido o Barradas, que cada vez estava melhor…
Não tinha lido, nem nunca cheguei a ler o tal plumitivo, sendo a primeira razão por o dele não ser o meu jornal, e as outras razões todas a triste fama do escrevinhador, para quem valia tudo na tentativa de beliscar o prestígio daqueles a quem devíamos a liberdade, quer os que deram o passo decisivo na concretização da mudança, quer os  que ao longo de anos de muito sofrimento lhes prepararam o caminho.
Aquele Barradas, tanto quanto me recordo, acabou por ter um fim triste, como quase sempre acontece com tudo que não presta; mas outros do mesmo jaez lhe foram sucedendo ao longo do tempo e não falta disso por aí hoje; acontece até, no mesmo curro, medrar uma manada deles e pelo mesmo motivo: há clientela para as suas alarvidades, clientela cuja péssima formação cívica e baixo nível de literacia, em todos os aspectos, só entende essa forma de “jornalismo”.Alguns até se acham muito engraçados; só que eles a fazer graça, e um cão a fazer caca, ainda o cão consegue ser mais divertido.
Sucede por vezes a genialidade de algum deles dar nas vistas dos “headhunter” e acabar por aceitar lugar no Governo, como aconteceu a certo Lomba, e foi o ridículo que todos viram…

                                             Amândio G. Martins



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