sábado, 7 de julho de 2018

Hoje vivi um momento ímpar! Um almoço. O anual da CCS do Batalhão de Caçadores 5014, onde prestei serviço militar, em Moçambique. Não vou sempre mas, sempre que vou, emociono-me. Enchem-me de mimos e, como sempre, pedem-me que diga algumas palavras. E entre eles só se vê a alegria do reencontro. Pouco disse porque não fui "guerreiro" e é a esses que pertence a honra, mas também não fui anódino. Porquê? Porque a nenhum ouvi qualquer palavra sobre o que pensavam da justeza ou injusteza da guerra colonial. O que eles celebravam mesmo era a sólida amizade que se formou na solidariedade que conjuntamente viveram. E portanto só disse aquilo que penso e sinto: que só conheço solidariedade humana quando esta esta é feito no cadinho do sofrimento comum e contemporâneo e que o pude comprovar por duas vezes, Uma nestes almoços de "rapazes" agora encanecidos, carecas e barrigudos, sem que qualquer deles fizesse alusão à guerra em si, na sua visão política. Outra, anos mais tarde, na então Alemanha Federal, pujante e sem vaidades espúrias, e aquando duma pós-graduação que lá fiz, e me perguntava por que funcionava tudo tão bem? A única resposta que obtive foi que, tal como a alegria do reencontro destes homens que servi com médico com uma farda vestida.... os alemães, no seu conjunto, passaram pelo sofrimento em simultâneo.
Por hoje chega.

Fernando Cardoso Rodrigues

1 comentário:

  1. Um dos disparates de antigos combatentes que sempre me revoltava era atacarem a descolonização, que criou condições para que a juventude se pudesse desenvolver sem o espectro da guerra, com raiva de não os verem lá ir "bater com os costados" como eles foram...

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