terça-feira, 28 de abril de 2020


A vida é muito difícil...


Na empresa onde trabalhei a maior parte do tempo, enquanto profissional activo, lidei com gente de todos os sectores da companhia, cerca de mil pessoas espalhadas por todo o país; e esse facto proporcionou-me  conhecer os mais diversos tipos de gente que, mesmo nas categorias profissionais intermédias, ou mais modestas, a grande maioria viviam a empresa como se fosse sua, nos momentos bons e menos bons, sem queixas nem recriminações.

A figura que agora me ocorreu -  a pretexto daquele grupo de brasileiros que só quer voltar à sua terra, porque a pandemia fê-los perder o trabalho, sem o qual não têm como cá sobreviver – era bem conhecida de todos por ser responsável pelas mais diversas exposições onde o nosso ramo de negócio devesse estar; e se algum elemento da zona onde a exposição tinha lugar, que sempre era chamado a colaborar, lhe fazia alguma queixa da empresa, na ingénua procura de solidariedade, ouvia aquela "sacramental" reposta: “A vida é muito difícil”.

E aqueles brasileiros, que facilmente se percebe estarem em situação desesperada, só lamentam que as autoridades do seu país não estejam a fazer o necessário, há já vários dias no aeroporto esperando uma ligação aérea que os leve de volta para casa, dadas as circunstâncias inesperadas e excepcionais em que se viram envolvidos; faço votos para que o seu problema se resolva rápido, que não sejam contaminados quando chegarem à pátria, e que voltem logo que esta calamidade desapareça que, como já se viu, a vida é mesmo muito difícil para quem vive do seu trabalho, seja qual for a latitude...


Amândio G. Martins

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