sábado, 11 de abril de 2020


Do risível ao chocante...


A situação que se vive por todo lado põe-nos a todos à prova e mostra do que somos capazes, para o melhor e pior; e se não fossem as carências de toda a ordem em que muitos milhões ainda vivem, os doutores especializados em tratar de cabecinha das pessoas não iam ter mãos a medir.

Com uma população mais de quatro vezes superior à nossa, Espanha está a experimentar momentos muito duros, que propiciam, entre gestos de altruísmo, muitos, também o aparecimento às descaradas das coisas mais assustadoras, como uma rede de exploração de raparigas na prostituição, que as levava a casa dos clientes confinados; uma destas moças contou ao cliente que era colombiana e como foi ali parar, pensando que vinha para um emprego decente; no meio da desgraça, o cliente ajudou-a a contactar a família, a quem forneceu informação que permitiu à polícia do seu país passá-la à polícia espanhola, que desmantelou a rede e prendeu os criminosos.

Há muitos mortos que ainda são enterrados, porque nem os crematórios dão saída a tanto cadáver; ouvi um coveiro (sepultuero) dizer, emocionado, que não são aquelas pessoas duras e insensíveis que muita gente pensa, mas não podem satisfazer os muitos pedidos que lhes são feitos para abrir as urnas, para que a família possa confirmar se o que tem dentro é mesmo o seu familiar, até porque os caixões também são selados!

Entretanto, para desanuviar, conta-se a história de um indivíduo que, tendo muitos cães, estava a fazer bom dinheiro alugando-os a quem precisava de um pretexto para dar uma volta, sendo que passear o cão é permitido; mas uma senhora que passeava o seu filho autista, para o que também tem autorização, queixou-se que só não lhe chamaram “guapa”, de resto ouviu de tudo, tal a desiquilibrada inveja que o stresse provoca...


Amândio G. Martins

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