No relacionamento com o sexo feminino, os
vários tipos de homens são resumidos apenas em três, conforme opinião do grande
filósofo e pensador cristão Huberto Rohden, de quem tive a honra de ser aluno:
os que compreendem as mulheres; os que adoram
as mulheres e os dominadores de mulheres.
Na minha modesta análise, os
primeiros, aliás muito poucos e não preferidos pela maioria delas, embora
tenham tudo para satisfazê-las razoavelmente até mesmo na realização do amor
com um duradouro carinho, tratam-nas respeitosamente como seres humanos sem
qualquer endeusamento. São moderados no relacionamento sexual, mas capazes de
possuí-las verdadeiramente à semelhança de ondas mansas do mar alisando o areal
das praias. Podem até realizar o impossível preconizado por Balzac, segundo o
qual, “quem conseguir governar uma mulher está apto a governar o mundo”.
Os adoradores de mulher, entre os
quais me incluo, atraem a preferência de um grande número delas, sem, no
entanto, agradá-las satisfatoriamente. São os românticos apaixonados (paixão
não é amor) como fogo de palha que logo apaga. Encantados com a beleza,
colocam-nas no trono como rainhas; escrevem-lhes eloqüentes versos
galanteadores e fazem-lhes inesquecíveis serenatas com lindas composições
musicais.
Experimentam amor platônico por
muitas, até mesmo sem terem sido namorados delas. Gostam do namoro e quase
sempre não se casam. Preferem as preliminares dos abraços e beijos e, às vezes,
até sem o finalmente da relação sexual propriamente dita, evitando assim o
compromisso matrimonial ou a chamada união estável. Tendo em vista que quase
todas só pensam em casamento, elas julgam estarem perdendo tempo ou sendo
tapeadas pelas ilusões e partem para o fim do relacionamento, com grande
tristeza para seus adoradores, que reconhecem ter sido bom enquanto durou e
admitem, mesmo desprovidos da vaidade da conquista, que “esta é tudo e a posse
quase nada”, como bem afirmou o ilustre escritor e diplomata português Júlio
Dantas em seu livro “A Ceia dos Cardeais”. Se não houver remorsos decorrentes
de lesões afetivas, podem se considerar felizes, tal como tolos alegres,
conforme satiricamente insinua Erasmo de Roterdã, em sua notável obra
renascentista “Elogio da Loucura”. E todas as coisas estão cheias de loucuras,
na opinião de Cícero, o grande orador da antiguidade.
Certa feita, escrevi um acróstico com
10 versos em redondilha maior (7 sílabas) iniciados com letras do nome de uma
de minhas musas dos tempos da mocidade. Um invejoso disse a uns meus conhecidos
“muita cultura torna o homem bobo”. E por falar em bobo, é preciso uma certa
cautela com os que realmente são deficientes mentais. Devem ser tratados com
todo o respeito, não os contrariando em nada e sem qualquer incentivo ao
interesse pelo sexo oposto. Por mais inofensivos que sejam, trazem recalcados
os instintos sexuais. Conheci um que se apaixonou por uma linda garota, que nunca
lhe dera a menor confiança, e bastante enciumado, assassinou o noivo dela com
um inesperado e certeiro tiro de garrucha. Tinha o estranho apelido de “tomba
lobo” e após condenado a medida de segurança, passou a viver no fundo de uma
cadeia, onde prestava serviços de limpeza em suas dependências (não havia e nem
há no Brasil manicômios judiciários).
A última categoria dos homens, por
serem muito possessivos e impetuosos em sua sexualidade, exercem um fascínio
sobre a maioria das mulheres, das quais se julgam donos e tratam-nas como
simples fêmeas, sem qualquer respeito à sua individualidade humana. Alguns não
são violentos em termos de agressão física, mas nas atitudes e gestos descorteses.
Jamais fazem pedidos, sempre dão ordens para a realização das menores coisas.
Nessa classe de varões, estão os
sexólatras, estupradores de toda espécie e sadomasoquistas. Não admitem a
recusa às suas investidas. São propensos à prática do feminicídio, por não admitirem
o final de um relacionamento conjugal, de simples namoro ou união estável,
principalmente quando a mulher resolve refazer sua vida com outro.
O saudoso e genial escritor Jorge Amado retratou
o relacionamento entre homem e mulher, no seu romance “Gabriela Cravo e
Canela”, transformado em novela produzida pela rede Globo (Gabriela), que
muito encantou Portugal. Segundo dizem, chegou até adiar uma reunião
governamental para vê-la. Apresentou dois fatos marcantes: o primeiro mostrando
afetividade, quando a Gabriela, ao ver o “sêo” Nacif, murmurou: “moço bunito!”,
o segundo retrata o machismo reinante na época, quando um dos ditos “coronéis”,
ao chegar em casa, deu ordem à esposa— “vá para
cama e abra as pernas para me
servir”.
Na legislação penal brasileira, além
do diploma legal que as protege contra o assédio da importunação sexual, há a
chamada “Lei Maria da Penha” muito rigorosa contra os que praticam violência
contra elas. Merecem toda a proteção em homenagem à sua integridade física e
moral; à sua grande missão de mães,
trabalhadoras no lar e em todos os setores de atuação na sociedade, embora
existam também as agressivas, intolerantes e exploradoras, ao ponto de
praticarem a chantagem, como recentemente aconteceu com o jogador de futebol
Neymar, em seu “affaire” com uma modelo brasileira, num luxuoso hotel de Paris
(perdoe-me pelo proposital uso do galicismo, tão em moda no Brasil antes da
odiosa avalanche de termos ingleses em nossa querida Língua Portuguesa).
O
genial compositor brasileiro, Martinho da Vila, nos versos de um samba, diz que
há:
Mulheres
cabeça e desequilibradasMulheres confusas, de guerra e de paz
Mas nenhuma delas me fez tão feliz
Como você me faz
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