Neste 1.º DE MAIO de
2020, imprevisível e diferente, este poema de Bertolt Brecht (1892-1956), com
tradução de Arnaldo Saraiva.
ELOGIO DA DIALÉTICA
A injustiça avança hoje a
passo firme.
Os tiranos fazem planos
para dez mil anos.
O poder pregoa: as coisas
continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos
que mandam.
E em todos os mercados
proclama a exploração: isto é apenas o meu começo.
Mas entre os oprimidos
muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos
nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo
nunca diga nunca.
O que é seguro não é
seguro.
As coisas não continuarão
a ser como são.
Depois de falarem os
dominantes
Falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer:
nunca?
De quem depende que a
opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela
acabe? Também de nós.
O que é esmagado, que se
levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que chegou,
que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de
hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca será: ainda hoje
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