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sexta-feira, 17 de abril de 2020
Europa
Vem isto a propósito do artigo escrito hoje no PÚBLICO por Rui Tavares (RT), intitulado "As últimas da UE, ou a UE a dar as últimas?". RT é um europeísta convicto e um homem da esquerda, o que é uma associação imbatível. Ainda por cima, culto e bem explicado. E diz o que eu penso mas não sei dizer. Para se ser europeísta não é preciso concordar com "esta" Europa, pois, apesar de tudo, ela ainda é a melhor organização política e social que existe. Não só economicamente mas ainda na defesa da liberdade, o que não é nada despiciendo e é mesmo um baluarte na sua defesa. E não se impede de dizer que a sua maior fraqueza, de momento, é aquela de os seus detractores pouco ou nada a acusam: o permitir ditaduras no seu seio, como é o caso da Hungria actual. Grato ao RT por me "emprestar" a verve que, espero não tivesse sido por mim adulterada.
Fernando Cardoso Rodrigues
3 comentários:
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Não se deve voltar ao "local do crime", especialmente se se é o próprio "criminoso", mas... enfim ! Porque me lembrei dum ensaio de George Steiner, que li há uns sete ou oito anos, intitulado " A Ideia de Europa". Em resumo, ( o próprio livro era um opúsculo), o autor dizia que a Europa são os cafés e pastelarias que, diferentes, pululam pelos países que a constituem e onde o multiculturalismo se constroi e pratica. Bem visto, leiam!
ResponderEliminarCaro Fernando,
ResponderEliminarNão sei se percebi bem o seu texto. Com esta ressalva, atrevo-me a vir aqui apresentar as minhas “perplexidades”.
Em meu entender, o mundo não pode ser dividido apenas entre europeístas e anti-europeístas, e, entre estes, arrumar-se tudo em três gavetas: “as cizânias, os desabridos e os pusilânimes”. Parece-me demasiadamente redutor, muito a preto e branco, não esgotando classes de pessoas que, existindo, não encontram sítio para se acomodarem.
Por outro lado, apreciando-se o ideal (utopia?) de uma Europa “unida”, estamos obrigados a reconhecer-lhe acriticamente as qualidades que já adquiriu, sem aspirar/exigir um pouco-muito mais? Não quererei nunca abdicar da minha liberdade de criticar o estado a que se chegou… melhor do que o ontem longínquo, sem dúvida, mas muito longe ainda do que aspiramos vir a ter, e que, de certa forma, até já tivemos num passado relativamente próximo, quando a Europa não navegava nas dificuldades financeiras que, hoje, todos já defrontam e, sobretudo, temem.
Não esqueçamos também que nunca como hoje o Mundo foi tão dinâmico. A pandemia actual reforça esta sensação e a realidade quotidiana nega constantemente o estatismo. Temos, mais do que nunca, de estar atentos e exigentes perante a realidade que nos “dão”. A União Europeia é uma boa realidade, mas claramente insuficiente, atendendo aos desvios a que alguns a têm vindo a forçar e, se os outros permitirem, vão incrementar. Nem sequer me refiro às “Hungrias e Polónias” que há por aí, absolutamente intoleráveis numa União que não pode esquecer que os critérios de admissão não devem limitar-se às “performances” económicas e financeiras. Acima destas, deverão estar sempre as condições democráticas.
Há que exigir mais da União Europeia que, obviamente, não é perfeita, apesar de ser uma das melhores comunidades que existem. Não permitamos que a “utopia unionista” degenere numa “distopia da desigualdade” (cito aqui Thomas Piketty, à boleia de António Rodrigues, no Público de ontem).
E se for preciso alijar quem não partilhe dos superiores intentos da União Europeia, pois avancemos, porque os que cá não estão não fazem falta nenhuma. Foi o que que me pareceu que Jorge Sampaio quis dizer no seu artigo de hoje, também no Público.
E depois disto, em que “gaveta” me arruma o Fernando? Na dos pusilânimes?
Nota: Se tresli e, de seguida, extravasei e extrapolei abusivamente os contornos dos pensamentos expressos por si no post, peço desculpa. Não era essa a intenção.
Deixe-me começar pelo fim: a última coisa que me passaria pela cabeça era chamá-lo de pusilânime. Quanto à Europa, e já antes o discutimos aqui, estamos de acordo que ela, conforme está, não é a ideal. Somente entendo que não é momento de a eleger como " o pior dos mundos". Bem bastam os que, por razões diversas mas com um único intuito, a querem ver implodida. Leio artigos verberando a eito a Europa e... nem uma palavra sobre as verdadeiras ameaças à LIBERDDADE. E permito-me perguntar-lhe: vê esta melhor em qualquer outro lado? Eu não. E por isso lhes chamo pusilânimes, quando talvez os devesse acoimar de oportunistas ou, "idólatras do ego"... porque já sabem que a liberdade existente lhes permite até dizer o que dizem! Um anota final para o texto de Jorge Sampaio -bem ao seu jeito- mas julgo que até ele bem perceberá que o seu "bastam-nos os que querem ficar" ( adaptado ), não passa duma "bravata" ocasional, essa sim uma utopia.
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