quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Acerca das 'benditas' parcerias público-privadas

Imagine, caro leitor, que é dono da sua própria casa e que nela habita, livre de qualquer ónus.
No entanto, devido à tão malfadada crise, o seu dia-a-dia é um constante sufoco, uma vez que tem parcos rendimentos.
Assim, notando a sua continuada aflição, o construtor civil da sua área habitacional, que há muito ‘namorava’ o seu prédio, muito bem situado no centro da vila, lançou-lhe o ‘isco’, oferecendo uma razoável quantia para o comprar.
O presidente da junta da freguesia local, ‘unha com carne’ com o referido construtor, meteu-se de permeio e zás, teceu mundos e fundos junto do dono do cobiçado imóvel, dizendo-lhe que era um óptimo negócio a não perder, tendo em conta os tempos que correm.
Então, o dono legítimo vendeu a sua própria habitação, ficando nela como inquilino do construtor civil.
Só que, passados nem meia dúzia de anos, já pagou ao senhorio quase o dobro da quantia por que vendeu o seu próprio bem.
Grosso modo, vem este texto a talhe de foice à notícia que um jornal diário de grande expansão nacional noticiou, na sua edição de 21/10, em que o Estado, em Guimarães, vendeu em 2007 um edifício – que utilizava - por 1,8 milhões de euros, para ao fim de 4 anos ter já pago de renda - porque o alugou -, a ‘módica’ quantia de 3,4 milhões de euros – quase o dobro por que o vendeu.
No fim dessa ‘bendita’ parceria, aprazada para Dezembro de 2016, o Estado pagará cerca de 4 milhões de euros e fica sem nada.
Resumindo e roubando: que país pode levantar cabeça tendo uma pesada canga sobre si, provocada por vendilhões, ladrões e outros aldrabões que o roubam continuadamente, como no caso vertente?


José Amaral

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