Longe da Beira mas perto do Beirão

Quase toda a gente sabe, de que Portugal é um país caricato, dado à demagogia, e teima em não sair desse velho boneco. Andam por aí, por essa Lisboa varina e fadista, das marchas folclóricas do arco e do balão, um magote de bandeirantes e tarjas ao vento, desses que são capazes de se condoerem com um pontapé dado nos bigodes de um gato, mas que não se arrepiam nem miam, com o homem que rapa o contentor do lixo rico da cidade de luxo, para tirar do seu fundo o pão do dia com o qual matará a fome e curará a ferida “estável e duradoura”. Essa data de manifestantes que se contorcem hoje para que se faça Justiça em Angola por causa de um caso grave, que conduziu a uma greve de fome voluntária, é a mesma que não sai à rua com igual vigor e perseverança e tão ornamentada, contra a Justiça Social que o índice anual elaborado pela Fundação Bertelsmann, que coloca Portugal muito perto da cauda, entre os 28 Estados-membros da EU com uma nota negativa abaixo de medíocre. A História regista a luta de vários homens que sem recorrerem à modalidade da “greve de fome” conseguiram fazer vergar e vencer regimes políticos de governos condenáveis. Nelson Mandela ontem e Mahatma Gandhi lá mais longe, são dois bons grandes exemplos entre tantos outros. Um Homem de pé e cheio de vitalidade por fora e por dentro, de têmpera forte e segura que anime outros a abraçar a luta, capaz de os puxar para caminharem lado a lado, é o que é preciso, e não deitado numa cama em jeito de concurso para ver quem aguenta mais tempo, que definha aos poucos até morrer, na esperança de que assim fará dobrar o governo que o prendeu e agora acusa, de tentativa de derrube do regime instalado e apelidado de corrupto. Crime punido pela Justiça de qualquer país, quer se goste muito, pouco ou nada. Só serve bem uma causa quem se mantém sempre nas melhores condições de lutar, com liberdade de acção nos condicionalismos existentes, sem se deixar vencer no aventureirismo fácil e pervertido que uma má leitura dos acontecimentos pode emprestar. Portugal, é ele próprio motivo e causa de uma luta séria e custosa. Hoje é um país de pobres acumulados e lançados no desespero e em avançado estado de decomposição. Todos os estudos o indicam. Já imaginaram nós todos em greve de fome para vencer o inimigo obstinado com o poder? Razões? Báaa - não me venham com mais razões!