sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Lenine tuga

De acordo com as notícias, estaremos nas vésperas da celebração de um acordo histórico entre PS, BE e PCP que viabilizará, no Parlamento, um Governo liderado por António Costa. O que há pouco tempo atrás parecia uma impossibilidade, pela História e pela diferença abismal entre os projectos de sociedade dos três partidos, está cada vez mais próximo de acontecer.
Como é natural em qualquer processo de negociação de uma plataforma comum, têm certamente as partes valorizado e enfatizado o que os une e dado menos atenção aos remoques do passado e ao que os divide.
Relativamente aos que, do exterior, acusam o provável acordo de ilegitimidade política, têm os partidos de esquerda argumentado, e bem, a meu ver, colocando a questão no cumprimento estrito da Constituição da República e do respeito pelos legítimos representantes do povo no Parlamento, no âmbito da nossa democracia representativa.
Neste contexto de grande bonança à esquerda, fiquei estupefacto ao ouvir Arménio Carlos, líder da central sindical controlada pelo PCP, [dizer que vai] convocar uma manifestação frente à Assembleia da República para o dia em que se prevê a rejeição do programa do Governo PSD/CDS. Não existindo nenhuma magna questão em cima da mesa, e estando nessa altura o acordo já assinado, para quê a berraria e a confusão à porta do Parlamento?
Mas depois percebi! Comemora-se (?) nesse dia o 98.º aniversário do assalto ao Palácio de Inverno pelos revolucionários russos comandados por Lenine! Não conhecerá Arménio Carlos o velho ditado que diz: “em casa de enforcado, não se fala em cordas”? É que, na sequência da vitória bolchevique, instalou-se a mais longa, sangrenta e tenebrosa ditadura europeia do século passado.
Não havia nexexidade…


Hélder Pancadas

1 comentário:

  1. Pontos de vistas, amigo Pancadas! Depois do esclavagismo e do feudalismo, o capitalismo não é o fim da história.A "vitória bolchevique", depois da revolução francesa, foi a primeira grande tentativa de a humanidade passar à fase seguinte. E não foi, de certeza, a ultima. Eu, e mais alguns milhões, não nos conformamos com o lastimável (não concorda?) estado em que se encontra o mundo.

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