Sem necessidade de citar John Rawles e Espinosa, mas
trazê-los no livro de bolso e convocá-los na hora para iluminar as mentes
presentes e animadas, e saber-se de antemão que se é ouvido atentamente por uma
plateia preenchida de proximidade e cadeiras ocupadas por amizade confortável,
Sócrates em Vila Velha de Ródão falou e disse à “cidade nova que roda”, sem
parar, dos abusos sobre ele cometidos por quem deve ser o primeiro a respeitar
e o último a ofender. As palmas em suspensão breve estavam destinadas também a
estalar e a serem ouvidas durante toda a sua intervenção, que ganhou estilo e
forma de Lição académica, em que abordou a Justiça sobretudo, a política
conexa, o abuso, a humilhação, a falta de solidariedade, e os poderes ocultos.
Tudo questões relevantes que a filosofia descompõe, de que o Homem se serve e a
trata sem pudor. Então o que é que disse Sócrates na “Vila Velha” que não seja tão verdade quanto questionável
na “cidade nova”? De tudo se queixou o pensador
de Paris e ex-inquilino do 44 de Évora e livre à condição, mas com nada
surpreendeu. A amargura comandou o tempo abordado, mas temos que confessar que
em pelo menos num ponto somos cativados a concordar com “o homem liquidado”. Não
o de Papini, mas o de Carlos Alexandre e de Rosário Teixeira, apesar de ele
prometer regressar imaculado com todos os seus direitos políticos e exercê-los
com garantia, e esse ponto de concordância é o que diz do comportamento da
imprensa e do jornalismo que se faz na comunicação social diversa nas redacções
sobre o país. Coisa séria que os leitores e espectadores esclarecidos e
críticos atentos já o sabem há muito. Nos jornais, a maioria dos que neles
intervêm afinam pelo conservadorismo político e partidário, não permitindo
vozes escritas que não se inscrevam no Amen oficial e no tom editorial e são
por isso banidos ou sujeitos à tesoura azul após o lápis censurador. Nos canais
de Tv pululam um enxame de comentadores e pivôs que entre o frete e o esforço,
tentam reeducar à Direita o povo que os escuta e os vê como sábios orientadores
de práticas e de vontades, e sem que os meçam como servidores de interesses
ocultos sob o peso do emblema disfarçado. Sócrates não precisou de citar Hobbes
embora dele se tenha servido, para ter razão, e só por isso mereceu ser
aplaudido. De pé, mas não só por isso!
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