sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Ganda comício

Apoteótico, no mínimo, o comício abrilhantado pelo superstar Cavaco. Era apanágio dos Presidentes da República arvorarem-se presidentes de todos os portugueses. Este não: borrifou-se em três dúzias de deputados e em mais de um milhão de eleitores. Não por ter indigitado Passos Coelho, mas por diabolizar PCP e BE, apondo-lhes o ferrete de banidos da governação. Passos Coelho foi, a meu ver, bem indigitado, constitucional e legitimamente. Mas era preciso o resto do discurso? Não lhe bastava optar pela PàF: era preciso fazer campanha para denegrir aqueles de quem não gosta, só que o tiro pode sair-lhe pela culatra. A incontinência verbal que tantas vezes o trai, como a que o levou a dizer que não daria posse a um governo minoritário, vai cair mal pelo descarado convite ao divisionismo entre as hostes do PS que, provavelmente, só estão precisadas de um elemento catalisador para a sua própria coesão. Além disso, a “historinha” dos papões e dos infortúnios futuros com que nos acenou já começam a não dar efeito. Viremos a  perder as “invejáveis” posições conquistadas pelo governo cessante nos rankings da União Europeia, segundo o recentíssimo Relatório do Eurostat? Isto é, “só” o segundo pior défice e “só” a terceira maior dívida pública. Que desgraça!

Público - 26.10.2015

2 comentários:

  1. Mas como, deste pobre homem, nunca saíu nada de positivo para este povo, também não era agora que se esperava que o fizesse...

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  2. Eu também já esperava o que proferiu, pois a mais não era obrigado para favorecer os seus.

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