sexta-feira, 8 de abril de 2016

Viver e conviver


Pela nossa passagem pelo tempo diariamente valorizamos mais  o viver e o conviver. Adquirimos uma outra consciência sobre a representação que aqueles verbos significam na nossa vida. Sempre gostei muito de conviver porque cedo adquiri a ideia que sozinho a vida não tem interesse. Os outros, mesmo os desconhecidos, podem fazer parte da minha vida. É uma questão de circunstância e acontece aquilo que antes não nos passava pela cabeça. Tenho tomado parte em vários convívios onde entendo realçar os de origem militar, e estes fundamentalmente os  praticados por ex-combabentes do Ultramar, mas sem estarem sujeitos a esta condição, como se verá. Assim  já participei em alguns dos ex-alunos daquela que foi a  Escola Industrial e Comercial de Santo Tirso. Desde há quatro anos que incluo o lote dos rapazes do Grupo de S. José, que anualmente convive no sábado imediato ao dia de S. José, o 19 de Março. É extremamente gratificante encontrarmos colegas daquele tempo e que nunca mais veríamos não fosse a promoção desses convívios. Penso que só tomando parte activa num convívio se consegue perceber os sentimentos por que somos tomados por rever aquele ou aqueles  de que já não nos lembrávamos e não voltaríamos a ver sem a ocorrência aquelas iniciativas. O primeiro em que participei, foi com o pessoal do Batalhão de Cavalaria nº.  8322, Angola 73/75. Começámos com dez e no último já éramos umas largas dezenas Infelizmente perdi-lhes o rasto e já estou esquecido naquele grupo. Depois aconteceu mais um, este com alguma originalidade,: reúne todos (independentemente do período em que por lá se sediaram) os Cabos Milicianos e Furriéis que passaram por aquele que foi o Regimento de Infantaria nº 8, em Braga. Este acontece no primeiro Sábado de Junho. Por azar meu este ano vou ter que faltar. Já explicarei a razão de tal falta. Enquanto não me for permitido estar em dois sítios diferentes ao mesmo tempo  sou obrigado a tomar a difícil decisão da opção.  É que ao fim de mais de quarenta anos consegui apanhar o contacto com o pessoal do Batalhão de Artilharia nº.  6220, Cabinda 74/75. É que tive tanto azar que o convívio deste é exactamente no próximo 4 de Junho, o mesmo dia do convívio de Braga, ao qual vou faltar, tal como já disse.
Não tinha alternativa à escolha. Com o pessoal de Braga já estive quatro anos e com o de Cabinda nunca mais vi ninguém! Tal como aconteceu com o primeiro de Braga, quando chegar à Serra do Pilar, local onde vai decorrer o convívio, possivelmente não vou identificar ninguém. A palavra é sempre uma boa arma e através dela vamos necessariamente conseguir um reconhecimento que conduzirá à identificação. É um pouco uma forma de jogar no escuro, mas é por essa escuridão que conseguimos a luz e encontrar um caminho perdido há mais de quarenta anos. E vou fazer agora a última alusão ao também último convívio em  que tive o grato prazer e onde, por sorte, fui integrado. Também este merece uma referência à sua originalidade. É composto por um grupo de Leitores do Jornal de Notícias  e que acumula também a função de participar naquele Jornal, através do envio de cartas para efeito de eventual publicação. Sob o lema “Os leitores também escrevem”, realizou-se o terceiro convívio “Leitores e Escritores”, na cidade do Porto. Nesse fui um novato ou caloiro mas tinha outros que me acompanhavam naquela condição. E já foi superior a vinte o número de presentes. Não é fácil realçar aquilo que todos nós aprendemos. Mas parece-me fundamental referir a ausência de formalismos. Um grupo que representava profissões diversas, idades diversas e o mesmo relativamente a habilitações. Não havia diferença entre possuir 40 ou 70 anos. Todos homens e mulheres mas onde não havia donas ou senhoras, senhores ou doutores, embora estivessem presentes alguns (poucos) Licenciados. O que emergiu foi o gosto e o superior interesse por ler e escrever, sem vaidades nem pretensiosismos mas com um objectivo comum: procurar melhorar a nossa colaboração, super isenta, na página livre que o J.N. disponibiliza a todos. Não nos confundimos  nem pretendemos rivalizar com os verdadeiros jornalistas, os profissionais da comunicação. Mas adquirimos consciência que praticamos um espírito de isenção superior a esses profissionais até pelo simples facto de não estarmos obrigados a vender notícias nem devemos fidelidade para com o Chefe que não temos. Praticamos o prazer de escrever e por vezes atingimos alguma profundidade significativa juntos dos leitores. Cartas do Leitor simbolizam independência e pertinência. Para terminar um conselho: Sai de casa onde vives mas não convives.
NOTA: O presente texto está produzido em Português Clássico, por rejeição absoluta ao português dialectizado.

Alberto Vilela

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