O PS não vai revogar a caducidade
da contratação colectiva na legislação laboral, porque é a favor da sua
existência e porque tal não ficou estabelecido nos documentos firmados com os
partidos à sua esquerda, para o apoio parlamentar ao governo PS. Tendo ainda como
guardião desta posição do PS, o próprio ministro do Trabalho, Vieira da Silva,
com o seu historial de apoio à caducidade de contratos colectivos.
A contratação colectiva é uma
importante conquista da classe trabalhadora, porque permite estabelecer
regulamentação social, salarial e profissional com força de lei em empresas e
sectores de actividade.
A introdução da caducidade é a
possibilidade dada ao patronato de unilateralmente acabar com a contratação
colectiva, quando esta não lhe interessa e desagrada.
Com o 25 de Abril de 1974, a
conquista da liberdade sindical foi também a da liberdade para a contratação
colectiva, que deixou de ser tutelada e controlada pelo regime corporativo-fascista
e pelo patronato.
Os direitos conquistados pelos
trabalhadores, foram sendo consagrados nos contratos colectivos sectoriais e
acordos de empresas, a generalidade sem grande resistência patronal, face à unidade,
determinação e luta dos trabalhadores por um lado, e por outro, devido à nova
realidade política e social resultante do 25 de Abril de 1974.
Cedo o patronato deixou cair a
hipocrisia, de pretender fazer crer que estava com a nova realidade social do
25 de Abril, e começou a pôr em causa o que estava consagrado na contratação
colectiva, com a ajuda de governos do PS e PSD, com ou sem CDS, e depois com a
colaboração da UGT, cuja criação em 1978 todos incentivaram.
Os governos do PS e PSD
utilizaram sobretudo medidas legislativas imperativas, para retirar direitos e
regalias estabelecidos nos contratos colectivos, pondo em causa o tratamento
mais favorável.
A UGT, através de organizações
paralelas e de diminuta representatividade, começou a aceitar a eliminação de
direitos, que depois o patronato tentava impor aos sindicatos da CGTP,
chantageando e boicotando com a recusa na actualização salarial e utilizando
práticas discriminatórias nas empresas.
Mas a luta e resistência dos
trabalhadores organizados na CGTP, impediu os objectivos patronais de destruir
direitos e regalias estabelecidos nos contratos colectivos, face a que a lei os
mantinha em vigor, mesmo que não existisse acordo para a sua revisão.
Face ao fracasso da sua
estratégia, o patronato centrou os esforços na alteração da lei, e em 2003
conseguiu o código do trabalho, com a concertação da UGT e a acção de deputados
e governo do PSD/CDS, através do ministro Bagão Félix. O código do trabalho foi
o mais grave atentado aos direitos laborais após o 25 de Abril
, onde ficou
estipulada a possibilidade de caducidade para a contratação colectiva, em
sentido contrário ao que estabelece a Constituição da República (art.º 56.º).
Vieira da Silva, então na
oposição como deputado do PS, manifestou-se contra a caducidade, mas depois
como ministro do Trabalho do 1.º governo de José Sócrates (2005-2009), não só a
manteve, como a facilitou e alargou para caducarem mais contratos colectivos, nomeadamente
os que dispunham que se mantinham em vigor até serem substituídos por outro.
O governo do PSD/CDS (2011-2015),
nas alterações promovidas no código do trabalho, prosseguiu a saga destruidora
de direitos individuais e colectivos dos trabalhadores e favoreceu ainda mais a
caducidade.
14 anos depois do patronato ter
conseguido a caducidade (2003), a
contratação colectiva está praticamente bloqueada e diminuiu drasticamente o número de
trabalhadores abrangidos pela mesma.
Acabar com a caducidade na
contratação colectiva, passa sem dúvida, pela mobilização e luta organizada dos
trabalhadores.
Caducidade, deve ser uma forma aglutinada, composta de palavras, a explicar que a cidade está caduca. Daí, nesse espaço, onde tudo está ultrapassado, os contratos nada valem, e é o salve-se quem puder.
ResponderEliminarSão coisas como estas do PS ( no caso, Vieira da Silva) que não se "percebem". Da mesma "família" foi o convite, e as suas condições, a António Dpmingues para a CGD.
ResponderEliminarQuanto a "rasgar contratos" sabemos todos que o governo PSD/CDS era o "master"!...