terça-feira, 6 de outubro de 2015

AFINAL, O POVO FOI SÁBIO!


Parece que toda a gente, políticos e comentadores, estão desapontados, tristes ou frustrados com o resultado eleitoral, mas se forem intelectualmente sérios e puserem o interesse dos cidadãos e do País em primeiro lugar, deveriam antes congratular-se. Eu explico. Claro que será mais difícil governar em minoria de deputados na AR, do que em maioria. No entanto, recordemo-nos que os governos de maioria, do PS ou do PSD, foram sempre controversos, com os cidadãos, sindicatos e sociedade em geral a queixar-se muito e até em confrontações sociais, como greves muito frequentes em sectores relevantes para a economia. É que os políticos, nos governos maioritários, actuam com sobranceria e muitos até com arrogância, desprezando audições e muito menos consensos. A situação do último governo (maioritário, recordemos) chegou a tal ponto que o PR repetida e fastidiosamente reclamou por consensos, compromissos, conversações, mas nunca por nunca os principais partidos do chamado "arco da governação", lhe deram ouvidos, chegando até insensatamente a ridicularizar tais apelos. Parece que o povo ouviu o Presidente, pois certamente ferido com os "maus tratos" do governo cessante no resultado das medidas da tróica e não só, não lhe deu novamente a maioria absoluta para governar "imperialmente", mas também não reconheceu a este PS, a tal "confiança". que nos cartazes foi pedida. E foi muito bom, digo eu, para assim os partidos que nos têm governado nos últimos 40 anos (PS, PSD e CDS) serem "obrigados" a entender-se sobre políticas essenciais para o Estado, que não podem estar a mudar todos os 4 anos ou de 2 em dois, quando caem governos. A Segurança Social, o SNS, o emprego e a política de defesa, são pontos sensíveis e fundamentais para qualquer Estado, na actual conjuntura de crise financeira e económica. Entendam-se pois os políticos do governo e os aspirantes a tal, pois caso contrário serão punidos nas próximas eleições, como já se viu no passado recente. O povo falou, e falou sabiamente.
OBS. Este texto foi parcialmente publicado como "Carta da semana", na edição do semanário Expresso de 10/10/15.

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