Parece que toda a gente, políticos e comentadores, estão desapontados,
tristes ou frustrados com o resultado eleitoral, mas se forem intelectualmente
sérios e puserem o interesse dos cidadãos e do País em primeiro lugar, deveriam
antes congratular-se. Eu explico. Claro que será mais difícil governar em
minoria de deputados na AR, do que em maioria. No entanto, recordemo-nos que os
governos de maioria, do PS ou do PSD, foram sempre controversos, com os
cidadãos, sindicatos e sociedade em geral a queixar-se muito e até em
confrontações sociais, como greves muito frequentes em sectores relevantes para
a economia. É que os políticos, nos governos maioritários, actuam com
sobranceria e muitos até com arrogância, desprezando audições e muito menos
consensos. A situação do último governo (maioritário, recordemos) chegou a tal
ponto que o PR repetida e fastidiosamente reclamou por consensos, compromissos,
conversações, mas nunca por nunca os principais partidos do chamado "arco
da governação", lhe deram ouvidos, chegando até insensatamente a
ridicularizar tais apelos. Parece que o povo ouviu o Presidente, pois
certamente ferido com os "maus tratos" do governo cessante no
resultado das medidas da tróica e não só, não lhe deu novamente a maioria
absoluta para governar "imperialmente", mas também não reconheceu a
este PS, a tal "confiança". que nos cartazes foi pedida. E foi muito
bom, digo eu, para assim os partidos que nos têm governado nos últimos 40 anos
(PS, PSD e CDS) serem "obrigados" a entender-se sobre políticas essenciais
para o Estado, que não podem estar a mudar todos os 4 anos ou de 2 em dois,
quando caem governos. A Segurança Social, o SNS, o emprego e a política de
defesa, são pontos sensíveis e fundamentais para qualquer Estado, na actual
conjuntura de crise financeira e económica. Entendam-se pois os políticos do
governo e os aspirantes a tal, pois caso contrário serão punidos nas próximas
eleições, como já se viu no passado recente. O povo falou, e falou sabiamente.
OBS. Este texto foi parcialmente publicado como "Carta da semana", na edição do semanário Expresso de 10/10/15.
OBS. Este texto foi parcialmente publicado como "Carta da semana", na edição do semanário Expresso de 10/10/15.
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