Ai, Cavaco

Depois de afirmar que sabia muito bem o que vai fazer a seguir às eleições, coisa habitual no único Presidente da República do mundo que nunca tem dúvidas e raramente se engana, lá nos veio informar de que não estará presente nas comemorações do 5 de Outubro, para se concentrar no resultado das eleições da véspera. 

Àquele dia, uns retiraram a dignidade do feriado nacional, agora, vem este senhor mostrar que, de facto, o acontecimento de 1910 não tem importância suficiente para lhe merecer a sua presença, apesar de, infelizmente, ser ele o ocupante do mais alto cargo da República.

Não quero pensar que Cavaco Silva, quando marcou as eleições para este dia, a despeito de alguns sectores lhe sugerirem Setembro, não se lembrou de que, no dia seguinte, se comemoraria a implantação da República.

Será que pensa não ter nada para dizer no discurso oficial? Ou terá medo de perturbar os portugueses quando estes ainda estão a digerir os resultados das eleições?

E não pensará que a maior perturbação que lhes pode causar será falar no dia 3, dia de reflexão, mesmo antes do exercício do voto? Ah, pois, afinal, sempre tem qualquer coisa para dizer... em tempo útil (para ele), claro.

O argumento de que o PR fala sempre ao país na véspera de eleições é forte.

E o de que preside sempre às comemorações do 5 de Outubro é fraco?

Garantem-me que só o aturo mais uns mesitos?