Há uma expressão do nosso povo para justificar a permanência dos mesmos no poder que revela muito da nossa conivência com a corrupção e a mentira: "se forem para lá outros, fazem o mesmo." Mesmo admitindo que vão fazer o mesmo, a verdade é que ainda não fizeram pelo que deverão ter, primeiro, a oportunidade de fazer e só depois serem julgados pelo que fizeram. Agora o que não parece honesto é condenar-se uns pelo mal que ainda não fizeram e absolver-se os outros pelo mal que já fizeram.
Além disso, quem quer gente séria no governo não pode premiar nas urnas aqueles que fizeram precisamente o contrário dos compromissos que assumiram. Não é premiando quem mente que se acaba com os mentirosos. Como é óbvio.
Em todo o caso, não são só os portugueses que se comportam como gente que valoriza pouco a seriedade e a honradez. Quem olhar com algum distanciamento e sem qualquer paixão clubística para a forma como a comunicação social tem tratado o tema das eleições não pode deixar de constatar não só a sua falta de isenção e imparcialidade como sobretudo a forma militante e empenhada como tenta condicionar o eleitorado.
É certo que não existe por cá nem um Syriza nem tão-pouco um povo inconformado. Mas é manifesto o descontentamento popular com o actual quadro partidário, tendo, consequentemente, aparecido várias novas forças partidárias que disputam o centro político, algumas das quais concorrem a todos os círculos eleitorais, o que demonstra alguma mobilização e organização. Parecia que cabia à comunicação social dar a conhecer esta gente, promovendo os debates com os candidatos dos partidos do sistema para que os eleitores não só os conhecessem como os pudessem avaliar.
Acontece que os novos partidos que disputam o centro político ao PS e PSD foram, pura e simplesmente, apagados da comunicação social.
Para a nossa comunicação social (comentadores, incluídos), o nosso país eleitoral resume-se a um rebanho de ovelhas, dois pastores e dois cães pastores. O dono do rebanho não é candidato e vive longe daqui. Os pastores são Passos Coelho e António Costa (um conduz o rebanho pela direita e outro pela esquerda). E os cães pastores são a CDU e o BE que têm como função assustar o rebanho para o manter unido e fazer com que este se decida a entrar mais depressa no redil. Não é, pois, de admirar que o nosso destino seja matadouro!
Quem pensa e repensa a situação deste país, que é uma extensão de uma Europa sem objectivos sociais, não se conforma com o drama que está em cena. Os senhores, que têm ou estão nos caminhos do poder, não conhecem o país real onde muita gente sobrevive. Como se fossem gritos de alma, é bom que alguém aponte as dificuldades que, apesar de evidentes, os responsáveis delas não se apercebem. Mas como são surdos e cegos muitos dos comandantes europeus, e os seus feitores locais não têm capacidade para ver para lá dos muros dos seus interesses pessoais e directos, a coisa só quando estourar é que acaba. Chamar rebanho a este amontoado de gente que
ResponderEliminarsem pensar segue o pastor é um epíteto bem conseguido. É o que temos e é com este pessoal que temos de viver, de compreender e de amar. Um abraço lusitano e universal que envolve todos os que lutam por causas.
Dizia Ramalho Ortigão: "Como o boi puro, o povo não se desilude nunca, nunca se desengana da lide" !...
ResponderEliminarOs dois pastores não conduzem o rebanho um para a esquerda, outro para a direita. Conduzem-no no mesmo sentido. Por isso, ao dono do rebanho, tanto lhe faz que este seja conduzido por um ou por outro. E não são os "cães pastores" que assustam o rebanho para se manter unido e assim entrar mais facilmente no redil. São os pastores! Se os "cães pastores" nomeadamente o primeiro passar a" ladrar" bem mais alto,"obrigará" o pastor Costa(apesar de tudo, esperemos que seja ele a conduzir o rebanho) a desviar-nos do matadouro.
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