sexta-feira, 10 de março de 2017

Crónicas do metro - o telemóvel

Vivemos num mundo tão redondo que a mais insignificante noticia dá a volta ao mundo em muito menos que 80 dias. Assim sendo, todos sabem e veem as mesmas coisas, numa espécie de cultura cor-de-rosa generalista.
Desde que se escancararam as portas informáticas, a maioria faz muita questão em participar nessa sociedade da comunicação e quem não está na "rede"  parece não existir ou é visto como anti-social.

Mas analisando por outro prisma, talvez que aqueles que parecem estar fora da rede ou aparentam ser anti-sociais tenham, provavelmente , uma vida própria mais interessante e sem necessidade de se expor à espécie de big brother em que se tornou uma certa ala da nossa sociedade onde a  mediocridade impera e em que por cada passo, por mais insignificante, se dá noticia nas redes sociais.

Recentemente comecei a usar o metro de forma assidua e chama a minha atençao a enorme concentração que as pessoas dedicam ao telemóvel. 
Quase acredito que essas pessoas tem vidas sociais e/ou profissionais muito  interessantes e activas, o que as obriga à permanente atenção e vigilancia sobre o mesmo. 

Na minha opinião, é apenas uma forma de evasão que serve para não ter que olhar o outro que está mesmo ali ao nosso lado: baixa-se a cabeça para não ver, para não encarar... 
E pensar que durante milhares de anos o progresso do homem consistiu em chegar à postura de cabeça erguida, à verticalidade... 
Actualmente baixa-se a cabeça por razões lamentáveis: subserviência, vergonha, cobardia, agora até como deferência para com um simples aparelho de telecomunicação.

Abençoada tecnologia que tanto jeito dá a quem governa. É que enquanto  nos distraímos com o supérfulo, as grandes questões são resolvidas por quem manda e sem qualquer contestação da parte de quem se deveria preocupar com o futuro.

5 comentários:

  1. Excelente! Muito bem observado. E digo-lhe mais amiga, se esta sua correctíssima e interessante constatação fosse publicada no F book, pouco ou nada lhe ligavam, se fosse uma frivolidade, uma ninharia qualquer, tinha imensos comentários e gosto.

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  2. Muito bem ! Também penso isso! Incomoda-me que os meus filhos estejam a embarcar. Tento limitar ao máx. o uso do telemovel

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  3. Gostei muito do seu texto, Fátima. Aliás ainda um destes dias aqui escrevi sobre algo aparentado. Só que, nesta coisas, fico sempre a pensar dos "dois lados", tipo "filosofia barata" e pergunto-me: a tecnologia "dá jeito ao governantes" e... a nós! O nosso tempo é o tempo deles que... emanam politicamente de nós. E, em jeito de pequena "provocação", deixe-me perguntar-lhe: e se os "de cabeça baixa" estavam a ler o que a Fátima escreveu neste nosso blogue?... Parabéns pela reflexão que nos trouxe!
    P.S. Exactamente neste momento abriu-se uma pequena janela no ecran do computador que me informa que "Trump despediu 46 procuradores". Nem de propósito, informado online, fico mais "cheio" mas a verdade é que o "homem alaranjado" lá está... eleito por "eles" que fazem parte de "nós"...

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  4. Esta resposta vai para os 3 companheiros de jornada bloguista. Ao amigo Ramalho, o meu obrigado; à Céu digo que também são minhas essas preocupações. O mundo tem tanta coisa linda para ser vista ao natural e não através do ecran de um tlm. Ao "provocador" digo que os de cabeça baixa não estão, concerteza, a ler o meu texto (?), menos ainda a aprender a cidadania que também está na net. Se assim fosse saberiam, no mínimo, como correr com aqueles que lhe estão a roubar o futuro, cujos nomes aparecem assiduamente nos noticiários... pois mas como são assuntos desinteressantes, viram-se para uma realidade mais interessante... a virtual.

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