sexta-feira, 17 de março de 2017

Nem depois da casa roubada


Um pouco por todo o mundo ocidental, os dirigentes políticos não ganharam para o susto perante “fenómenos” populistas que eles próprios provocaram, após governações afastadas dos povos e seus anseios. Tivemos os inesperados Brexit e Trump, e adivinhou-se a inevitabilidade de outros desastres. Afinal, Wilders não se confirmou, Le Pen parece estar a perder algum gás e, na Alemanha, a extrema-direita ainda parece bastante verde, pouco madura.

Os resultados eleitorais da Holanda levaram toda a Europa a respirar de alívio com tal força que quase se formou um novo núcleo anti-ciclone. Não receio vendavais, tenho outros temores: será que estes “nossos” políticos, de tão aliviados que se sentem, não estarão já a varrer para debaixo do tapete os arrependimentos que, por respeitinho aos cépticos eleitorados, repentinamente, tentaram mostrar? Um pouco como o sector financeiro mundial parecia querer fazer após a crise de 2007, mas de que rapidamente se esqueceu, retomando, passado o susto, as velhas práticas que levaram à débâcle. Com gente desta, não me admiro que, mesmo depois da casa roubada, se esqueçam de lhe pôr tranca na porta.

Público, 22.03.2017 - truncado das partes sublinhadas.

2 comentários:

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