terça-feira, 25 de agosto de 2015

A raposa e o galinheiro


         As imagens dos bombeiros da Guarda a alimentarem uma (linda) raposa na serra da Estrela num desolador cenário de mata calcinada é o paradigma do valor que o desgoverno da nação e a justiça atribuem à natureza: zero!
         O investimento na prevenção e combate aos fogos florestais ao longo dos últimos anos caíram para números insustentáveis e parte substancial dos fundos estruturais que vêm da União Europeia são devolvidos a Bruxelas.
         Em Felgueiras, há dias, um juiz libertou um incendiário detido em flagrante delito, proibiu-lhe o álcool e mandou-o para consultas psiquiátricas obrigatórias! Esta decisão é contraproducente, já que o incendiário não vai deixar de acender o isqueiro, de consumir álcool e as consultas psiquiátricas em ambiente de vapores etílicos são incompreensível sentença judicial.
O fogo posto é um crime hediondo. Não pode ser retirado das prioridades de investigação, nem ser punido como delito menor.
         A eficácia no combate aos incêndios deve assentar na estratégia da prevenção; e para que a prevenção seja eficaz é urgente maior investimento em meios e recursos humanos e incontornável envolvimento dos produtores florestais, das associações de compartes de baldios, dos bombeiros e das suas estruturas representativas e das câmaras municipais, cujo presidente em caso de incêndio ou outra catástrofe é o responsável máximo local da protecção civil.
         As imagens da raposa assustada e faminta a ser alimentada na boca de uma bombeira numa serra em cinzas, revelam a antítese do perfil do predador ardiloso e malévolo.
         Nas fábulas reais dos tempos difíceis que correm, este perfil do “mal” dissimulado na cínica hipocrisia foi adotado pelo desgoverno da nação, que acha que os cofres do estado se enchem com o saque fiscal aos parcos rendimentos do trabalho e a penhorar sistematicamente o arruinado galinheiro da classe média, depauperado pelas desgraçadas políticas de austeridade sem fim à vista.
         Mais quatro anos disto?
         Não, obrigado!

Carlos Pernes

1 comentário:

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