CONTO DO VIGÁRIO
A propaganda
avassaladora que nos vem caindo em cima, em crescendo dia a dia, não passa de
um descarado conto do vigário, como qualquer pessoa atenta poderá conferir.
Tudo vem
sendo manipulado para apresentar resultados sem qualquer aderência à realidade,
dos quais o desemprego é a mais flagrante mentira. De facto, bastou o “chefe”
mostrar desagrado com os números anunciados, para de imediato serem retocados a
seu gosto.
É que contar
como emprego criado os estágios pagos com dinheiro público, a falta de comparência
nos Centros de Emprego por cansaço de tanta humilhação, e uma avalanche de
cidadãos empurrados para a emigração, é coisa que urge desmascarar por todos os
meios!
À porta da
repartição de finanças, aguardando abertura, um grupo ouvia, atento, um idoso
dizer que, da sua pensão de menos de 600€, viviam três pessoas. Não pagava IRS
até surgir a sobretaxa, que lhe levou, no primeiro ano, 130€ e, para este, já são
182€. Ia perguntar se não terá havido engano… Quando saía, desanimado,
tinham-lhe dito que estava correcto. A diferença era que, no ano anterior,
tinham feito retenção, e no segundo ano, não. Com o prazo a ficar curto, ainda
não sabia onde arranjar dinheiro.
Mas, com
aquele ar descontraído de quem mente como respira, o primeiro-ministro dizia há
dias, na TV, que tiveram imenso cuidado para que os de menor rendimento não
fossem afectados. Mas foi o contrário: sacar quanto pudessem aos de menos
capacidade reivindicativa foi onde se revelaram realmente eficientes. É que
eles olham para uma pensão como se ela fosse inteira para o seu titular; se
dela sobrevivem várias pessoas, isso é problema delas!
Amândio G. Martins
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