Numa noite de insónias, dei
comigo a ouvir e a escutar o silêncio profundo dessa mesma noite e a igual
quietude da urbe citadina que havia no meu corpo em repouso.
Assim, no ponto mais a norte
de mim, o centro criptogâmico, o sector nevrálgico onde são decifradas todas as
mensagens para a tomada de milhões de decisões, estava a trabalhar numa
cadência de apenas manutenção, mas funcionando ininterruptamente há mais de
seis décadas, para atender a qualquer sinal de emergência.
Mais abaixo, no nordeste do
meu humano território, o centro irrigador por excelência de toda a seiva vital
trabalhava compassadamente, num ritmo próprio de fora de horas de ponta, mas
sempre alerta de qualquer sinal de alarme.
Mais abaixo, tanto a este
como a oeste, dois centros de depuração e de limpeza corporal faziam as
necessárias filtragens de todos os resíduos líquidos, enquanto em pleno centro,
o lago estomacal era tomado de alguns fluxos e refluxos gástricos, próprios da
oscilação corporal em repouso natural.
Mais abaixo, e acima das duas
vias andantes, encontra-se o centro reprodutor, englobando o censos e a
estatística, que, nessa altura, se encontravam completamente fora de serviço.
Tendo em conta o complexo da
flora e fauna intestinal, resolvendo pacificamente os seus problemas habituais
sobre o tratamento de todos os resíduos semi-sólidos, alguns espasmos eram
controlados a preceito.
Também os serviços de
saneamento e de todo o tratamento da parte líquida, prostaticamente falando,
mantinham os caudais quase parados, mas sob controlo.
Finalmente, tendo em conta
que a desoras o trânsito é quase nulo, todo o sistema de sinalização
encontrava-se de braços cruzados junto a toda a zona corporal, mas sempre
atento a qualquer intervenção, tanto de rotina como de urgência, se necessário.
Eis, pois, o resumo de
algumas horas de insónia.
José Amaral
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