segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O que em mim presenciei em uma noite de insónias


Numa noite de insónias, dei comigo a ouvir e a escutar o silêncio profundo dessa mesma noite e a igual quietude da urbe citadina que havia no meu corpo em repouso.
Assim, no ponto mais a norte de mim, o centro criptogâmico, o sector nevrálgico onde são decifradas todas as mensagens para a tomada de milhões de decisões, estava a trabalhar numa cadência de apenas manutenção, mas funcionando ininterruptamente há mais de seis décadas, para atender a qualquer sinal de emergência.
Mais abaixo, no nordeste do meu humano território, o centro irrigador por excelência de toda a seiva vital trabalhava compassadamente, num ritmo próprio de fora de horas de ponta, mas sempre alerta de qualquer sinal de alarme.
Mais abaixo, tanto a este como a oeste, dois centros de depuração e de limpeza corporal faziam as necessárias filtragens de todos os resíduos líquidos, enquanto em pleno centro, o lago estomacal era tomado de alguns fluxos e refluxos gástricos, próprios da oscilação corporal em repouso natural.
Mais abaixo, e acima das duas vias andantes, encontra-se o centro reprodutor, englobando o censos e a estatística, que, nessa altura, se encontravam completamente fora de serviço.
Tendo em conta o complexo da flora e fauna intestinal, resolvendo pacificamente os seus problemas habituais sobre o tratamento de todos os resíduos semi-sólidos, alguns espasmos eram controlados a preceito.
Também os serviços de saneamento e de todo o tratamento da parte líquida, prostaticamente falando, mantinham os caudais quase parados, mas sob controlo.
Finalmente, tendo em conta que a desoras o trânsito é quase nulo, todo o sistema de sinalização encontrava-se de braços cruzados junto a toda a zona corporal, mas sempre atento a qualquer intervenção, tanto de rotina como de urgência, se necessário.
Eis, pois, o resumo de algumas horas de insónia.



José Amaral

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